terça-feira, 11 de maio de 2010

Israel acusa líderes árabes israelenses de traição e espionagem

As autoridades de Israel revogaram a proibição de publicação de um chamado "episódio de espionagem" envolvendo dois lideres da comunidade árabe israelense, acusados de traição e de espionagem para o grupo xiita libanês Hezbollah.
A prisão de dois dos mais proeminentes líderes dos cidadãos árabes de Israel, Amir Makhoul e Omar Sayid, gerou protestos da comunidade árabe e de grupos de direitos humanos, que acusam as autoridades israelenses de tentar "silenciar a luta legítima dos árabes de Israel por seus direitos". Eles foram presos por iniciativa do Shin Bet, o serviço de inteligência interna, e as detenções foram mantidas em sigilo, por ordem judicial, durante vários dias.
Segundo os parentes dos detidos, policiais e agentes secretos vestidos à paisana invadiram suas casas durante a madrugada e confiscaram computadores, telefones celulares e documentos. Assim, os prisioneiros ficaram incomunicáveis durante vários dias, e a imprensa local foi proibida de divulgar qualquer informação sobre seu súbito desaparecimento.
Amir Makhoul é escritor e presidente da Ittijah, uma união de 80 ONGs da comunidade árabe israelense, e Omar Sayid é membro do partido Balad, que tem três representantes no Parlamento.
De acordo com a imprensa local, ambos são suspeitos de ter mantido contatos com um "agente estrangeiro" do grupo Hezbollah e teriam cometido atos de traição.

'Evidências sólidas'
O ex-chefe do Shin Bet Avi Dichter disse à radio estatal de Israel, Kol Israel, que os serviços de inteligência "não teriam prendido essas pessoas se não possuíssem evidências sólidas de que realmente traíram o país". "Os dois são pessoas adultas e instruídas e sabem muito bem o que significa manter contatos com agentes estrangeiros", afirmou. Ainda acrescentou: "O Hezbollah faz todos os esforços para recrutar árabes israelenses pois sabem que, como cidadãos de Israel, eles têm total liberdade de movimentação e portanto têm fácil acesso às informações que podem ser úteis para os terroristas".
No entanto, líderes da população árabe afirmam que tanto Makhoul como Sayid são lideres políticos e comunitários e não tem envolvimento algum com atividades ilegais.
Como presidente da união de ONGs, Makhoul costuma participar de fóruns e conferências internacionais, inclusive no mundo árabe, para angariar verbas para a organização.

Contatos
De acordo com Jafer Freih, diretor da ONG Mossawa, que presta assistência jurídica para a comunidade árabe, nessas conferências participam pessoas de todo o mundo árabe, "inclusive líbios, iranianos, libaneses e iraquianos". Disse ainda, ao site de notícias Ynet, que "é natural que nessas conferências se criem contatos com outros participantes e nenhum de nós vai correndo verificar se uma pessoa ou outra se encontra na lista negra dos serviços secretos de Israel".
A advogada da Ittijah, Wakim Salame, afirmou que a política do governo israelense em relação aos cidadãos árabes do país é "agressiva". "Não é por acaso que escolheram Amir (Makhoul), eles querem que vivamos como animais domesticados em uma ratoeira", disse a advogada.
Os cidadãos árabes de Israel constituem 20% da população do país, cerca de 1,5 milhão de pessoas, e segundo as organizações que os representam, são tratados como cidadãos "de segunda categoria".
O ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, declarou que "há evidencias mais do que sólidas" contra Makhoul e Sayid. "Essas pessoas têm mais afinidade com os valores do Irã, Hezbollah e Coreia do Norte e vale muito a pena isolá-los da sociedade", afirmou ele.

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