quinta-feira, 15 de abril de 2010

Terrorismo nuclear: a grande ameaça à segurança global

Obama acredita que risco de ataque nuclear "aumentou". Ucrânia e México respondem ao pedido de "ação" do presidente americano.

Após ter recebido 46 líderes mundiais numa passadeira azul em modo "speedy date" - um aperto de mão ou um beijo, consoante o interlocutor, e uma foto para a posteridade - Barack Obama passou à ação. No discurso de abertura da cimeira de segurança nuclear de Washington, Obama admitiu ontem que "duas décadas depois do fim da Guerra Fria, enfrentamos uma cruel ironia da história. O risco de confrontação nuclear entre nações baixou, mas o risco de um ataque nuclear aumentou." E o presidente americano explica por que: "É cada vez mais claro que o perigo de terrorismo nuclear é uma das maiores ameaças à segurança global."

Elevado a desafio securitário número um no campo da segurança internacional, o terrorismo nuclear dominou todos os trabalhos formais da cimeira. "Só a menor quantidade de plutônio, do tamanho de uma maçã, pode matar ou ferir centenas de milhares de pessoas" alertou Obama. Este exemplo mostra como os que participam da reunião estão mais preocupados com os materiais nucleares à solta do que com as bombas propriamente ditas. Estimativas dos peritos apontam para a existência, um pouco por todo mundo, de material nuclear suficiente para produzir 200 mil bombas atômicas: às 1700 toneladas de urânio militar ou enriquecido, juntam-se 500 toneladas de plutônio. São substâncias potencialmente utilizáveis no fabrico de uma bomba nuclear. A maior dor de cabeça dos líderes mundiais é pensar que este material pode cair nas mãos erradas. Não porque as redes terroristas tenham capacidade técnica para causar uma explosão nuclear, mas por terem o engenho necessário para misturar o material radioativo com explosivos convencionais - as chamadas "bombas sujas".


Na análise dos maiores especialistas em contra terrorismo e proliferação nuclear, os pontos mais frágeis da segurança nuclear estão identificados: Paquistão - Osama Bin Laden e os seus associados jura a Casa Branca procuram uma bomba e foram localizados a apenas a 60 quilômetros de uma central nuclear paquistanesa - e antigas repúblicas soviéticas, onde se movimentam vários grupos com ligações ao movimento pan-islâmico e também aos rebeldes chechenos (também por isto se explica a preocupação da Rússia).

A Ucrânia e o México foram os primeiros países a responder ao apelo de "ação concreta" do presidente americano. Kiev garantiu que vai abdicar do seu stock de 90 quilos de urânio enriquecido, "suficiente para construir várias armas nucleares", enquanto o presidente mexicano prometeu converter todo o stock de urânio militar em urânio empobrecido - sem aplicação militar.

A cimeira fica marcada por encontros bilaterais e o mais importante juntou durante uma hora e meia Obama e Hu Jintao, presidente chinês. A Casa Branca está otimista para que, até ao fim da Primavera, a grande força de bloqueio no Conselho de Segurança possa a viabilizar as sanções ao Irã. Pequim não confirma, mas só o fato de aceitar falar delas já deu um primeiro passo.


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