sexta-feira, 16 de abril de 2010

Brasil na era do terrorismo

Um dia após o brutal atentado no metrô de Moscou, o premier Vladimir Putin reiterou que a captura dos terroristas é "questão de honra". Na Rússia, esse combate tem dinâmica própria, quase sempre ligado às turbulentas relações do país com o Cáucaso, mais especificamente à repressão russa contra as tentativas de independência da Chechênia.

Os métodos do terror se repetem, tanto quanto o terrorismo vem sendo historicamente usado como forma de luta política. Nas últimas décadas do século XX, os atentados estiveram frequentemente associados à luta do Exército Republicano Irlandês (IRA) contra o domínio britânico na Irlanda do Norte e à dos palestinos por um Estado próprio no Oriente Médio. A primeira foi resolvida com um acordo. A segunda segue sem solução.

Nos anos 70, grupos palestinos passaram a usar o terror em grande escala, sequestrando aviões, disparando metralhadoras em locais públicos ou, mesmo, assassinando atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique de 1972. No início, era uma forma de chamar a atenção do mundo para a sua causa. Mas a crueldade dos atentados ganhou uma dimensão até então desconhecida quando o fanatismo religioso criou os homens e mulheres-bomba. Surgiu assim uma arma quase impossível de detectar, por se tratar de pessoas dispostas ao suicídio para atingir o objetivo visado por seus mentores. Radicais tornaram isto possível via interpretações exóticas do Alcorão, como a de que homens-bomba ganham direito a dezenas de virgens no Paraíso.

O uso do fanatismo religioso para impulsionar o terrorismo chegou ao ápice nos atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York e Washington. Os grandes centros urbanos se tornaram alvos preferenciais, como Madri (2004), Londres (2005) e Moscou em várias ocasiões, a última delas segunda-feira. Estados degradados, como o Iêmen, passaram a ser usados como base por redes terroristas com objetivos globais, como a al-Qaeda. Estados-pária, como a Líbia de anos atrás, ofereceram treinamento para terroristas. Outros, como o Irã, optaram por financiar grupos para defender seus interesses em ou contra terceiros países - casos do Hezbollah, no Líbano, e do Hamas, em Gaza.

Hoje, o mundo não está livre de um atentado de dimensões inéditas. Este pode ser o resultado da promiscuidade entre Estados-pária com programas nucleares e grupos terroristas. E aconteceria se uma arma atômica, ainda que rudimentar, caísse nas mãos do terror. Este é um dos motivos pelos quais a comunidade internacional, à frente os EUA, empreende uma ação para impor sanções ao Irã como forma de deter seu programa nuclear.

É um cenário propício para a atuação de países com a vocação da moderação e do diálogo, como o Brasil. Mas a política externa de Lula está sob o jugo do "Itamaraty do B", que prefere dar ao Irã, contra todas as evidências em contrário, o benefício da dúvida, qual seja o de considerar que sua atividade atômica tem fins pacíficos. Brasília se posiciona ao lado dos poucos contrários às sanções ao Irã, devido a um antiamericanismo arcaico que pensa em termos de Guerra Fria e conflito Norte-Sul. É ruim tanto para a credibilidade do país quanto para a segurança mundial.

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