sexta-feira, 23 de abril de 2010

Amorim diz que Brasil não é pró-Irã, mas teme punição injusta àquele país

Ministro de Relações Exteriores volta a defender negociação com Irã.
Ele cita o exemplo do Iraque, onde não se encontrou armas nucleares.



"O Brasil não é pró-Irã, mas quer ter relação com todos os outros países, quer ter relação com o Paquistão e a Índia mesmo que eles não tenham boa relação entre si"

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira (6) que o Brasil não é “pró-Irã”, mas disse temer que aquele país acabe sendo punido injustamente com sanções por supostamente estar caminhando para o desenvolvimento de armas nucleares. Amorim citou o exemplo do Iraque, onde não foram encontradas armas de destruição em massa após a invasão, e disse que o melhor caminho no Irã é a busca de uma solução negociada. Ele participa de uma audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado.

“O Brasil não é pró-Irã, mas quer ter relação com todos os outros países, quer ter relação com o Paquistão e a Índia mesmo que eles não tenham boa relação entre si, como queremos ter boas relações com os Estados Unidos, a Rússia, a China, etc. Enfim, nós somos a favor da paz”, afirmou Amorim.

O ministro afirmou que a aplicação de sanções contra o Irã poderá piorar a situação naquele país. “A alternativa das sanções para um regime irá é tornar mais rígidas as posições, vai juntar governo e oposição numa posição de intransigência porque o governo vai ter que mostrar que não capitulou para o Ocidente. Sanções sempre atingem camadas mais baixas da população”.

Amorim lembrou a guerra do Iraque e o fato de não ter se encontrado armas de destruição em massa naquele país. Ele destacou que as sanções impostas antes da guerra prejudicaram a população iraquiana e disse temer que isso se repita no Irã. “Tenho uma preocupação grande de que algo parecido ocorra agora”.

Ele destacou que a própria agência atômica consideraria resolvidas questões anteriores em relação ao programa nuclear iraniano. O que haveria agora seriam apenas alegações de alguns serviços de inteligência de que o país de Mahmoud Ahmadinejad estaria caminhando para ter a bomba atômica. Amorim disse duvidar que essa seja a intenção do Irã e afirmou que aquele país não deverá renunciar ao direito de enriquecer urânio para fins pacíficos.

Senadores da oposição questionaram a posição do Brasil em relação ao Irã. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (PSDB-AM), disse que o próprio Amorim não deve acreditar que o Irã não tem intenção de ter arma nuclear. “Custo a acreditar que o senhor acredite que ira não queira armas, até porque eles já disseram que querem”.

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