quarta-feira, 9 de junho de 2010

Presidente iraniano diz que sanções devem ser ‘jogadas no lixo’

Ahmadinejad disse que sanções não irão ferir iranianos



O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas contra seu país nesta quarta-feira devem ser “jogadas no lixo”.
“Eu enviei a eles (as potências globais) uma mensagem de que as resoluções aprovadas são como um lenço usado que deve ser jogado na lata de lixo”, disse Ahmadinejad, em visita ao Tadjiquistão, segundo a agência de notícias iraniana Isna.
“Elas (as sanções) não são capazes de ferir os iranianos”, afirmou.
A quarta rodada de sanções contra o Irã foi aprovada nesta quarta-feira com o apoio de 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Brasil e a Turquia, que são membros rotativos, sem direito a veto, votaram contra as sanções, e o Líbano se absteve.

Reações
Logo após a votação, o embaixador iraniano na ONU, Mohammed Khazaei, disse que a aprovação das sanções era a demonstração de “um sistema internacional tendencioso”.
“Revisar nossas memórias amargas do passado e observar de perto como este Conselho ainda age hoje em dia mostra que ainda estamos lidando com um sistema internacional tendencioso e injusto, que é baseado na hegemonia dos mais poderosos”, disse Khazaei.
O embaixador do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ali Asghar Soltanieh, afirmou que apesar das retaliações, o país irá continuar com seu programa de enriquecimento de urânio.
“Não importa quantas resoluções sejam aprovadas, o Irã não irá interromper suas atividades de enriquecimento (de urânio), que estão em completo acordo com seus direitos sob o estatuto da AIEA”, disse o embaixador, em entrevista coletiva.
“Eu lamento que eles (as grandes potências) sejam tão ingênuos, que não saibam lidar com o Irã", afirmou. "Se eles disserem que o Irã deve fazer algo, a resposta será não. Se eles pedirem cooperação, a resposta será: ‘talvez, faremos nosso melhor’. É parte da cultura iraniana”, disse.

Pressão
As sanções buscam pressionar o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio, já que parte da comunidade internacional suspeita que o governo iraniano planeje secretamente desenvolver armas atômicas.
O Irã nega essas alegações e afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos. Apesar das três rodadas anteriores de sanções, o governo iraniano tem até agora se negado a interromper o enriquecimento de urânio.
As novas sanções ampliam medidas já em vigor, ao proibir a venda de várias categorias de armamento pesado ao Irã, incluindo helicópteros de ataque e mísseis.
Também fica estabelecido que todos os países inspecionem em seus portos e aeroportos cargas suspeitas de conter itens proibidos com destino ou origem no Irã.
As sanções incluem ainda 40 empresas e um alto funcionário ligado ao programa nuclear à lista de pessoas e companhias iranianas sujeitas a restrições de viagens e congelamento de ativos.

Diplomacia
Esta foi quarta rodada de sanções contra o Irã e a primeira a receber votos contrários no Conselho de Segurança da ONU.
Brasil e Turquia vinham buscando uma solução diplomática para a questão nuclear iraniana e, no mês passado, firmaram um acordo com Teerã, pelo qual o Irã se comprometia a enviar seu urânio com baixo nível de enriquecimento ao território turco e receber em troca material enriquecido o suficiente para uso civil, mas não militar.
No entanto, apenas um dia após o anúncio do acordo, os Estados Unidos circularam a nova proposta de resolução no Conselho de Segurança, afirmando que o pacto firmado em Teerã não era satisfatório e que o Irã não se comprometia a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.

Lula vê 'equívoco' e 'birra' em sanções contra o Irã

Para Lula, uma oportunidade histórica foi jogada fora.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descreveu com um "equívoco" a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas de aprovar, nesta quarta-feira, uma nova rodada de sanções contra o Irã.
Para o presidente, os países que votaram a favor das novas sanções no Conselho de Segurança o fizeram "por birra".
"Em vez de chamarem o Irã para a mesa, eles resolveram, na minha opinião, apenas por birra, manter a sanção. Acho que foi um equívoco", disse.
"Acho que o Conselho de Segurança jogou fora uma oportunidade histórica de negociar tranquilamente o programa nuclear iraniano", acrescentou Lula durante visita a Natal, Rio Grande do Norte.
O Brasil e a Turquia, que têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto, votaram contra as sanções, que têm por objetivo coibir o programa nuclear iraniano.
O Líbano, também integrante rotativo, se absteve de votar. Os outros 12 membros do Conselho votaram a favor.
Lula disse ainda que conversou pela manhã com premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, e que ambos acertaram votar contra as sanções.
"Espero que o companheiro (Mahmoud) Ahmadinejad continue tranquilo", acrescentou.

'Interesses internos'
Apesar das críticas do governo brasileiro, o presidente americano, Barack Obama, defendeu as sanções como forma de pressionar o Irã a cumprir suas obrigações para com a comunidade internacional.
Além de Lula, o chanceler Celso Amorim também criticou duramente a decisão do Conselho. Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro sugeriu que os países votaram de acordo com interesses internos.
"Os países têm que votar de acordo com suas consciências, não porque conseguiram vantagem de vender mais isso ou mais aquilo", disse Amorim.
O ministro criticou o fato de o Conselho de Segurança ter votado as medidas "praticamente sem ter esperado" a avaliação do Grupo de Viena sobre proposta de acordo com Irã, intermediada por Brasil e Turquia.
"Houve uma negociação entre os membros permanentes em que os interesses específicos desses países foram tomados em conta", disse o ministro.

Obama diz que sanções são ‘mensagem inequívoca’ ao Irã

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a resolução aprovada nesta quarta-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas vai colocar em prática as "mais duras sanções" já impostas ao governo iraniano e envia "uma mensagem inequívoca".
"Hoje o Conselho de Segurança das Nações Unidas votou esmagadoramente a favor de sancionar o Irã por seu contínuo fracasso em cumprir suas obrigações", disse Obama, na Casa Branca, logo após a divulgação do resultado da reunião da ONU.
"Essa resolução irá colocar em prática as mais duras sanções já enfrentadas pelo governo iraniano e envia uma mensagem inequívoca sobre o comprometimento da comunidade internacional em interromper a proliferação de armas nucleares."
A aprovação das sanções, porém, não foi unânime. Brasil e Turquia, que têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto, votaram contra. O Líbano se absteve.

União
Ao comentar o resultado da votação, Obama disse que a resolução teve "forte apoio internacional".
"Ao votar pela resolução nós fomos acompanhados de nações da Ásia, da África, da Europa e da América Latina, incluindo a Rússia e a China", disse o presidente americano.
Essas sanções não fecham a porta para a diplomacia. O Irã continua a ter a oportunidade de seguir por diferentes e melhores caminhos.
Barack Obama
"E essas sanções mostram a visão unificada da comunidade internacional de que uma corrida nuclear no Oriente Médio não é do interesse de ninguém e que as nações devem ser responsabilizadas por desafiar o regime global de não-proliferação", afirmou Obama.
Segundo analistas, o fato de nem todos os países do Conselho de Segurança terem votado a favor das sanções prejudicou a ideia de união que os Estados Unidos desejavam transmitir.
"O fato de o Brasil e a Turquia não apoiarem prejudica o desejo dos Estados Unidos de mostrar que o mundo está unido em torno dessa questão", disse à BBC Brasil o jornalista e pesquisador Douglas Farah, do International Assessment and Strategy Center.

Diplomacia
Ao manifestar seu voto na reunião do Conselho de Segurança, a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que as sanções "vão contra os esforços do Brasil e da Turquia para engajar o Irã em uma solução negociada para o seu programa nuclear".
Entretanto, em seu pronunciamento em Washington, Obama voltou a dizer que as sanções não excluem o caminho da diplomacia.
"Essas sanções não fecham a porta para a diplomacia. O Irã continua a ter a oportunidade de seguir por diferentes e melhores caminhos", disse o presidente.
"Não há nada que eu queira mais do que chegar ao dia em que o governo iraniano cumpra suas obrigações internacionais. Um dia em que essas sanções sejam suspensas, as sanções anteriores sejam suspensas, e o povo iraniano possa finalmente realizar a grandeza da nação iraniana", afirmou.
"Na verdade, essas sanções não são direcionadas ao povo iraniano."
Obama disse ainda que os Estados Unidos vão garantir que as sanções sejam "cumpridas rigorosamente".

Reações
Após a aprovação das sanções, alguns países manifestaram-se a favor da decisão.
A China pediu "que todos os membros da comunidade internacional implementem a resolução em sua totalidade e de boa fé", segundo seu embaixador na ONU, Li Baodong.
Baodong afirmou ainda que as sanções têm como objetivo "trazer o Irã de volta à mesa de negociações".
O Ministério das Relações Exteriores russo emitiu uma nota ressaltando que as medidas "excluem a possibilidade do uso da força". Segundo o comunicado, "nada no texto da resolução daria aval para a adoção de medidas ou ações (...), incluindo o uso de força ou ameaça de seu uso".
A França ressaltou que "a porta do diálogo permanece aberta" e disse esperar "que o Irã finalmente escolha cooperar".
Israel elogiou a resolução do Conselho, mas ressaltou que "está claro que a decisão em si não é o suficiente".

Análise: Novas sanções da ONU não vão deter o Irã

O novo pacote de sanções da ONU contra o Irã dificilmente trará mais resultados que as três primeiras rodadas já impostas. A poucas horas da votação das medidas, nesta quarta-feira, diplomatas ocidentais já diziam que as sanções aprovadas não seriam as últimas.
Ao que tudo indica, muitos outros meses de espera serão necessários para o monitoramento dos próximos passos do Irã, para a elaboração de novos relatórios da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU) e a realização de novas negociações a respeito de outras retaliações.
Nesse cenário, pelo menos por enquanto, diplomatas descartam a possibilidade da realização de um ataque a uma instalação nuclear iraniana. Mas admitem que, em algum momento futuro, a busca de uma solução diplomática pode se tornar irrealista.
Nesse novo estágio, restarão duas opções: aceitar o programa nuclear do Irã, que pode estar a poucos passos da construção de uma bomba atômica, ou recorrer à retaliação militar.
Para descontentamento de Grã-Bretanha, Estados Unidos e França, medidas contra o setor de petróleo e gás iraniano ficaram de fora da última rodada de sanções.
Retaliações assim enfrentaram oposição dos dois outros membros do Conselho de Segurança da ONU, China e Rússia. Ambos os países têm interesse no petróleo e gás iraniano, além de não enxergarem o Irã como uma ameaça estratégica.

Petróleo
Apesar de rico em reservas de petróleo, o Irã não têm condições de refinar seus derivados em quantidade suficiente para uso próprio. Por isso, as sanções que mais atingiriam o país – até agora evitadas – visariam tanto o fim das vendas de derivados de petróleo ao país como a proibição de investimentos internacionais na indústria de óleo e gás iraniana.
Por conta disso, agora se espera que o Congresso americano aprove legislação banindo do território americano companhias com investimentos significativos em petróleo e gás no Irã.
O governo britânico também deve pressionar a União Europeia a aprovar medidas que restrinjam investimentos no setor energético do Irã.

Fracasso
O Irã rejeitou as demandas do Conselho de Segurança da ONU com base na alegação de que elas são ilegais. O país continua insistindo que se limita a enriquecer urânio sem finalidade militar.
As sanções falharam até agora por dois motivos. O primeiro deles é que interesses vitais do país não foram atingidos. As novas resoluções têm como objetivo apenas reforçar as tentativas anteriores de impedir o Irã de adquirir tecnologia para a criação de uma bomba nuclear ou para a construção de mísseis balísticos.
As retaliações se limitam a banir o suprimento de armamentos ao país, a apertar restrições a negócios com bancos e alguns indivíduos iranianos, como integrantes da Guarda Revolucionária, e a permitir a inspeção de navios ou aviões suspeitos.
A segunda razão para o fracasso das sanções é o fato de que o governo do país está disposto a absorver o impacto limitado das retaliações em nome de uma causa maior: a continuidade de seu programa nuclear.

Entenda as novas sanções impostas pela ONU ao Irã

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã devido a seu programa nuclear.

As medidas buscam pressionar o país persa a interromper seu processo de enriquecimento de urânio e comprovar a natureza pacífica de seu programa nuclear.

O Irã insiste que o programa não tem objetivos militares, mas parte da comunidade internacional suspeita que Teerã na verdade esteja buscando desenvolver armas atômicas.

A BBC preparou uma série de perguntas e respostas que ajudam a explicar a questão do programa nuclear iraniano. Para lê-las, acesse: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100608_iran_sanctions_mv.shtml

ONU aprova sanções contra Irã com oposição de Brasil e Turquia

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou nesta quarta-feira uma quarta rodada de sanções contra o Irã para pressionar o país a interromper seu programa nuclear.
O Brasil e a Turquia, que têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto, votaram contra as sanções. O Líbano, também integrante rotativo, se absteve de votar. Os outros 12 membros do Conselho votaram a favor.
A votação, em Nova York, foi atrasada em mais de uma hora por causa da ausência dos embaixadores do Brasil e da Turquia.
Quando a reunião finalmente começou, a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, foi a primeira a falar e anunciou o voto contra ao dizer que o Brasil “não vê as sanções como um instrumento eficaz nesse caso”.
A embaixadora brasileira disse que as sanções “provavelmente levarão ao sofrimento do povo iraniano” e que experiências passadas, “notavelmente o caso do Iraque”, mostram que sanções, ameaças e isolamento podem ter consequências trágicas.

Acordo
Viotti voltou a defender o acordo firmado no mês passado pelo Brasil e pela Turquia com governo iraniano, pelo qual o Irã se comprometia a enviar seu urânio com baixo nível de enriquecimento ao território turco e receber em troca material enriquecido o suficiente para uso civil, mas não militar.
"O Brasil vai votar contra a resolução. Ao fazer isso, estamos honrando os propósitos que nos inspiraram nos esforços que resultaram na declaração de Teerã em 17 de maio", disse.
“A adoção de sanções, nessa conjuntura, vai contra os esforços do Brasil e da Turquia para engajar o Irã em uma solução negociada para o seu programa nuclear”, afirmou Viotti.
O acordo firmado com o Irã tinha como base uma proposta apresentada anteriormente pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) mas rejeitada na ocasião pelo governo iraniano.
No entanto, apenas um dia após o anúncio do acordo, os Estados Unidos circularam a nova proposta de resolução no Conselho de Segurança, afirmando que o pacto firmado em Teerã não era satisfatório e que o Irã não se comprometia a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.
A representante brasileira criticou a votação das sanções antes de “sentar e conversar sobre a implementação da declaração de Teerã”.
“O Brasil lamenta profundamente que a Declaração Conjunta não tenha recebido o reconhecimento político que merece nem o tempo necessário para dar resultados”, afirmou.

Estados Unidos
Em sua intervenção, após a votação, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, referiu-se ao acordo firmado pelo Brasil e pela Turquia.
“A Turquia e o Brasil trabalharam muito para obter avanços”, afirmou. “Os esforços refletem as boas intenções de seus líderes em abordar as necessidades humanitárias do povo iraniano e ao mesmo tempo construir maior confiança internacional sobre a natureza do programa nuclear do Irã.”
Rice afirmou, porém, que o acordo não responde questões e preocupações "fundamentais" sobre o programa nuclear iraniano e que Irã teve diversas oportunidades de comprovar que seu programa de enriquecimento de urânio tem fins pacíficos, mas não o fez.
Os Estados Unidos e seus aliados temem que o Irã esteja planejando secretamente desenvolver armas nucleares. Teerã nega essas alegações e diz que seu programa nuclear tem fins civis.
Rice disse que o objetivo dos Estados Unidos com as sanções é persuadir o Irã a interromper seu programa nuclear e a negociar de maneira construtiva com a comunidade internacional.
Os Estados Unidos afirmam que mantêm dois caminhos em relação ao programa nuclear do Irã, de pressão (com as sanções), mas também de disposição para o diálogo.
No entanto, em seu pronunciamento, a representante do Brasil disse que a decisão de impor novas sanções era uma demonstração de que apenas um desses caminhos está aberto.
“Ao adotar as sanções, este Conselho está na realidade optando por um dos dois caminhos que deveriam correr em paralelo – na nossa opinião, o caminho errado”, disse Viotti.

Sanções
A votação da nova resolução ocorreu depois de cinco meses de discussões entre os membros do Conselho de Segurança e sob forte resistência do Brasil, que tem uma vaga rotativa no órgão.
Os Estados Unidos queriam sanções mais duras, mas a resolução final foi um pouco suavizada por pressão da Rússia e da China, dois dos membros permanentes do Conselho, com direito a veto.
Mesmo assim, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, referiu-se às sanções como as “mais significativas” já impostas ao Irã.
As novas sanções ampliam medidas já em vigor, ao proibir a venda de várias categorias de armamento pesado ao Irã, incluindo helicópteros de ataque e mísseis.
Também fica estabelecido que todos os países inspecionem em seus portos e aeroportos cargas suspeitas de conter itens proibidos com destino ou origem no Irã.
As sanções incluem ainda 40 empresas e um alto funcionário ligado ao programa nuclear à lista de pessoas e companhias iranianas sujeitas a restrições de viagens e congelamento de ativos.
Segundo analistas, o fato de Brasil e Turquia terem votado contra as sanções prejudica a imagem de união em torno do tema que os Estados Unidos gostariam de transmitir.
As três rodadas anteriores de sanções não foram suficientes para convencer o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.

Justiça iraniana é instrumento de repressão, diz Anistia

A organização de defesa dos Direitos Humanos Anistia Internacional acusou o Irã de continuar a usar seu sistema de Justiça como um instrumento letal de repressão.
Em um relatório publicado para marcar o primeiro aniversário das eleições presidenciais, cujo resultado foi questionado e resultou em uma série de protestos e prisões no país, a organização afirma que as autoridades continuam a deter e executar prisioneiros em uma tentativa de evitar novos protestos.
Segundo a AI, há documentação provando que centenas de pessoas continuam presas por sua participação nos protestos de junho de 2009, ou por ter expressado visões dissidentes.
A prisão arbitrária de cidadãos ordinários se tornou um fenômeno diário, afirma a Anistia em seu relatório Do Protesto à Prisão: Irã Um Ano Após a Eleição.
O pleito, no qual foi reeleito o presidente Mahmoud Ahmadinejad, levou aos piores confrontos internos no Irã desde a revolução Islâmica, em 1979.
"Calar a voz"
“O governo iraniano está determinado a calar a voz de todos os dissidentes enquanto, ao mesmo tempo, tenta evitar o escrutínio da comunidade internacional sobre as violações relacionadas aos protestos após as eleições”, afirma o secretário-geral interino da AI, Cláudio Cordone.
Segundo o documento, “advogados, acadêmicos, ex-prisioneiros políticos e integrantes das minorias étnicas e religiosas do Irã também foram pegos na crescente onda de repressão que levou a episódios de tortura e a execução de prisioneiros por motivos políticos”.
A organização afirma ainda que várias pessoas foram presas apenas por ter alguma relação com manifestantes ou grupos envolvidos nos protestos.
Entre elas estaria o estudante Sayed Ziaoddin Nabavi, integrante do Conselho para a Defesa do Direito à Educação, que cumpre pena de dez anos na prisão de Evin.
Segundo a AI, sua prisão parece estar ligada ao fato de que ele tem parentes que fazem parte da Organização Mujahedin do Povo no Irã, um grupo proibido pelo governo que as autoridades responsabilizam por organizar os protestos.
De acordo com a Anistia, cerca de 50 integrantes da religião Baha’i foram presos no Irã desde as eleições e quatro curdos estavam entre cinco prisioneiros políticos executados em maio passado sem a notificação exigida pela lei.
Para a organização, esta foi uma clara advertência a qualquer um que esteja pensando em marcar o primeiro aniversário das eleições com novos protestos.
“O que pedimos é muito simples: queremos a libertação imediata e incondicional de todos os prisioneiros de consciência, e que os outros sejam julgados imediatamente por crimes reconhecidos, sem recurso para a pena de morte, em procedimentos que cumpram os padrões internacionais de um julgamento justo”, afirmou Cordone.
Os presos permanecem dias, semanas e até meses incomunicáveis, afirma a AI, sem que seus parentes consigam localizá-los, ou saber quais são as acusações contra eles.
“O segredo em volta dessas prisões torna mais fácil para os interrogadores recorrer à tortura e outras táticas, que incluem estupro e falsas execuções, para extrair ‘confissões’ forçadas que, mais tarde, são usadas como prova em seus julgamentos”, afirma a Anistia.
O Irã tem uma das maiores taxas de execução do mundo. Até agora, a Anistia já registrou mais de 115 execuções apenas em 2010.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Em cúpula turca, Irã alerta Rússia contra sanções

O Irã alertou na terça-feira a Rússia a não apoiar novas sanções da ONU contra o seu programa nuclear, que devem ser votadas na quarta-feira.
"Não há um grande problema, mas eles devem ser cuidadosos de não ficarem do lado dos inimigos do povo iraniano", disse o presidente Mahmoud Ahmadinejad em entrevista coletiva em Istambul, onde participa de uma cúpula junto com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.
A Rússia costumava ser uma importante aliada do Irã, mas os dois países vêm tendo atritos por causa da decisão do Kremlin de apoiar as potências ocidentais na adoção de uma quarta rodada de sanções da ONU.
Putin, que irá se reunir com Ahmadinejad na terça-feira, disse que a resolução do Conselho de Segurança já está "praticamente acertada", e que as sanções não devem ser "excessivas".
"O presidente do Irã está aqui e acho que ... teremos uma oportunidade de discutir esses problemas, se o meu colega iraniano tiver tal necessidade", disse Putin numa entrevista coletiva ao lado do premiê turco, Tayyip Erdogan, anfitrião do fórum chamado Medidas de Interação e Construção da Confiança na Ásia.
"Sou da opinião", prosseguiu Putin, "de que esta resolução não deve ser excessiva, não deve colocar a liderança do Irã e o povo iraniano numa situação complicada, que crie barreiras para o desenvolvimento da energia nuclear pacífica do Irã."
Ahmadinejad disse que o acordo nuclear que ele fechou em maio com os governos da Turquia e Brasil foi uma oportunidade que não irá se repetir. O acordo, que se destinava a permitir novas negociações, foi rejeitado pelo Ocidente, que continua desconfiando de que o Irã pretende desenvolver armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
Pelo acordo que Brasil e Turquia mediaram, o Irã entregaria ao exterior 1.200 quilos de urânio baixamente enriquecido, para em troca receber, no prazo de um ano, 120 quilos de material nuclear enriquecido a 20 por cento para uso em um reator de pesquisas médicas.
O Irã diz, no entanto, que isso não lhe impediria de continuar enriquecendo urânio, o que o Ocidente não quer.
"Esperamos que eles possam usar essa oportunidade, mas dizemos que esta oportunidade não vai se repetir", alertou Ahmadinejad.
Turquia e Brasil, membros temporários do Conselho de Segurança, dizem que o acordo eliminaria a necessidade de sanções, já que criaria uma abertura diplomática para tratar de temas mais amplos relativos ao programa nuclear iraniano.
O presidente turco, Abdullah Gul, pediu na segunda-feira a Ahmadinejad que diga à comunidade internacional que o seu governo está preparado para cooperar e resolver a disputa a respeito do seu programa nuclear.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

BP diz que funil já recolhe mais da metade do petróleo que vaza

O vazamento é considerado o pior desastre ambiental da história americana

A petroleira British Petroleum (BP) disse neste domingo que o funil especial colocado sobre o vazamento de petróleo no Golfo do México já recolhe mais da metade do fluxo de óleo para navios na superfície.
“Neste momento, o funil de contenção desvia cerca de 10 mil barris de petróleo diariamente para superfície”, disse o presidente da BP, Tony Haywards.
Calcula-se que o poço danificado, localizado cerca de 1,5 mil metros abaixo da superfície libere entre 12 mil e 19 mil barris diários de petróleo no Golfo do México, no que está sendo considerado o maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Hayward disse que a empresa pretende implementar esta semana outra tática para conter o vazamento que, junto com o funil, deve ser capaz de conter “ a grande maioria” do petróleo que polui a região.
Em agosto a empresa espera conseguir uma solução definitiva para o problema quando estiverem prontos outros dois poços que devem desviar o petróleo do poço danificado.

Recuperação
O executivo disse que a empresa está comprometida com a recuperação total da região.
“Limparemos o petróleo, solucionaremos qualquer dano ambiental e deixaremos a costa do Golfo do México nas mesmas condições que estavam antes do evento. Este é um compromisso inquestionável, permaneceremos por lá muito tempo após o assunto ter deixado de ocupar a atenção da imprensa, honrando nossas promessas”, disse ele.
A empresa chegou a perder um terço de seu valor no mercado de ações desde o início da crise e vem sendo criticada por gastar alegadamente US$ 50 milhões em comerciais de TV para tentar recuperar sua imagem.
A empresa diz ter gasto mais de US$ 1 bilhão em operações de limpeza desde o início do vazamento no dia 20 de abril, depois que uma explosão destruiu a plataforma Deepwater Horizon, causando a morte de 11 trabalhadores.
Em seu pronunciamento semanal neste sábado, o presidente Barack Obama disse que vai garantir que a BP seja responsabilizada financeiramente pelo vazamento e pague “cada centavo” do que deve.
As estimativas são de que a quantidade de petróleo vazado no mar desde abril varie entre 80 milhões e 180 milhões de litros.

Israel, um país sozinho

A situação em que vivem os palestinos é insustentável. O mundo todo, inclusive os Estados Unidos, sabe disso há muito tempo. Há pouco a acrescentar sobre sua penosa rotina, de falta de água, falta de comida, destruição de casas ou bombas sobre suas cabeças. Até mesmo Israel está ciente, melhor do que ninguém, das consequências danosas da sua ocupação das terras palestinas, que já dura 43 anos. Portanto não é o estado atual dos palestinos que pode definir o futuro do Oriente Médio. A chave de um futuro de paz para a região é o estado em que se encontra Israel. O que pode colocar um fim nesse conflito é Israel se convencer que sua situação atual é, assim como a dos palestinos, insustentável.
A desastrosa operação contra a frota de embarcações carregando ativistas em direção a Gaza, em que as forças de Israel mataram nove dos passageiros, isolou ainda mais o Estado judeu. Israel praticamente acabou com a amizade de décadas que desfrutava com a Turquia, uma democracia muçulmana integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Os efeitos do abalo dessa relação, que já vinha se deteriorando, ficaram claros um dia após o ataque à frota. Israel mantinha as centenas de ativistas detidos, ameaçando inclusive indiciar boa parte deles criminalmente, quando o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, exigiu a libertação de todos. Dentro da aliança militar ocidental, um ataque a um de seus membros é visto como um ataque a todo o bloco. A Turquia, de onde vieram todos os nove mortos, declarou a ação israelense como criminosa e pediu uma atitude da Otan. Israel não teve escolha: em poucas horas, acatou o pedido de Rasmussen e libertou os detidos.
Os danos à imagem de Israel não pararam por aí. A União Europeia condenou o ataque, e a Grã-Bretanha, que nos tempos de Tony Blair portava-se quase como um aliado incondicional de Israel, não mediu suas palavras. O ministro do Exterior, o conservador William Hague, exigiu uma investigação sobre o incidente e disse que o episódio mostrava que o bloqueio da Faixa de Gaza deveria acabar. Segundo Hague, a medida, imposta em 2007, depois que o grupo Hamas tomou o controle do território, tem efeito "sobre uma geração de jovens palestinos". Em outras palavras, Israel pode estar gerando novos militantes prontos para atacar o Estado judeu no futuro. Além de injusto com a população civil, o bloqueio estaria sendo, na visão britânica, prejudicial à própria segurança de Israel. O país parece também ter perdido parte de sua amizade com o Egito. O vizinho, primeiro país árabe com quem Israel assinou um acordo de paz, decidiu abrir indefinidamente o posto de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, como protesto contra o ataque em águas internacionais do Mediterrâneo. Com a medida, o bloqueio a Gaza passa a ser apenas israelense, e não uma ação conjunta com o governo egípcio. Para completar, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, também exigiu a suspensão do bloqueio a Gaza, alertando que o sofrimento dos seus 1,5 milhão de habitantes não pode continuar.
Mas Israel sempre pareceu ignorar a falta de aliados, desde que os Estados Unidos continuem do seu lado. Tal relação, entretanto, vem sendo abalada há meses, primeiro pela recusa israelense em atender o pedido do presidente Barack Obama para que interrompesse a construção de casas em territórios palestinos (Jerusalém Oriental inclusive). Washington estendeu a mão a Israel após o ataque no Mediterrâneo, garantindo que o pronunciamento do Conselho de Segurança da ONU fosse mais brando do que queriam outros membros. Mas a secretária de Estado Hillary Clinton foi clara ao falar da Faixa de Gaza: "A situação em Gaza é insustentável e inaceitável", disse Clinton, que nos últimos meses já vinha pressionando Israel a voltar à mesa de negociações com a Autoridade Palestina. Os Estados Unidos continarão sendo o melhor amigo de Israel no mundo, mas tal amizade não é mais incondicional, como nos tempos de George W. Bush. Além disso, o poder da maior potência do planeta é hoje relativamente menor, portanto Washington sabe que não pode manter o status quo no Oriente Médio por muito mais tempo.
Após transformar a aliada Turquia em um quase inimigo, perder a parceria do Egito no bloqueio a Gaza, provocar uma resposta indignada da Grã-Bretanha, testar a paciência dos Estados Unidos e causar um estado geral de ira no mundo, será que Israel ainda acredita ser possível viver sozinho, sem amigos? É verdade que, como bem lembrou a revista The Economist, o premiê conservador Stephen Harper fez do Canadá o mais novo e entusiasmado amigo de Israel. Mas o Canadá não tem influência nem relevância suficientes para melhorar a difícil situação do Estado judeu. Alguns países no mundo optaram pelo isolamento político e econômico, como Coréia do Norte e Eritreia. Israel sempre se orgulhou de ser uma democracia moderna, com fronteiras e economia abertas para o mundo, mas parece não ter percebido que sua situação atual é cada vez mais insustentável. Sem fronteiras oficialmente definidas, com um provável arsenal nuclear escondido da comunidade internacional, sem aliados entre seus vizinhos, cada vez mais distante de seus antigos amigos e com uma imagem negativa ao redor do mundo, Israel segue o caminho do isolamento. A paz, como todos sabem, fica na direção oposta.

Índia condena oito por vazamento de gás que matou milhares há 25 anos

Vazamento começou nas primeiras horas de 3 de dezembro de 1984

A Justiça indiana condenou a dois anos de prisão oito pessoas por um vazamento de gás tóxico que matou milhares de pessoas na cidade de Bhopal, há mais de 25 anos.
O desastre, que, segundo a Justiça, teria sido causado por negligência, é considerado o acidente industrial mais grave da história. Exatamente por isso, grupos de direitos humanos consideraram a sentença como branda.
A tragédia teve início nas primeiras horas do dia 3 de dezembro de 1984, quando 40 toneladas do veneno isocianato de metila em estado gasoso começaram a vazar da fábrica de pesticidas da americana Union Carbide, localizada a menos de 5 quilômetros de Bhopal.
A substância, altamente tóxica, causa cegueira e leva ao bloqueio dos alvéolos pulmonares. Em pouco tempo, uma nuvem de gás letal atingiu Bhopal, onde viviam mais de 900 mil pessoas, a maioria em favelas.
Em apenas três dias, 3,5 mil pessoas morreram, segundo as estimativas oficiais, embora os números não oficiais se aproximem de 8 mil. Testemunhas da época contaram que a direção do vento é que definia, aleatoriamente, quem morria ao entrar em contato com a nuvem letal.
Caos e pânico tomaram a cidade à medida que dezenas de milhares de pessoas tentavam escapar do gás. Corpos de cães, gatos e pássaros se acumulavam nas ruas na mesma proporção em que as vítimas humanas enchiam os necrotérios.
Logo de início, mais de 20 mil pessoas requereram tratamento hospitalar por sintomas que incluíam inflamações nos olhos e dificuldades de respirar. Até hoje, Bhopal tem uma taxa atípica de enfermidades e de crianças portadoras de deformidades de nascença e deficiências de crescimento.
Segundo organizações de direitos humanos, o vazamento foi responsável por 20 mil mortes até hoje, afetando outras 600 mil.

Processo
Desde 1987, o processo criminal passou por uma dezena de juízes na Índia. Inicialmente, 12 pessoas foram indiciadas por homicídio culposo, com possibilidade de serem sentenciadas a até dez anos de prisão.
Entretanto, em 1996, a Suprema Corte indiana abrandou as acusações, passando a tratar o caso como morte por negligência, com a possibilidade de até dois anos de prisão.
Entre os condenados nesta segunda-feira, que devem apelar da decisão, estão executivos da Union Carbide, incluindo o presidente do braço indiano da companhia à época, Keshub Mahindra.
Entretanto, o então presidente da multinacional Union Carbide, Warren Anderson – uma espécie de inimigo número um das organizações de vítimas e que chegou a ser considerado um fugitivo da Justiça indiana –, não foi mencionado no veredicto.
Para o ativista Satinath Sarangi, que trabalha com vítimas afetadas pelo gás letal, a decisão da Justiça indiana veio "tarde demais".
"É um precedente sério", disse o ativista. "Esse desastre tem sido tratado como um acidente de trânsito. É um desastre judicial e uma traição do povo indiano pelo governo."
A presidente de um grupo de trabalhadoras afetadas pelo vazamento, Rashida Bee, disse à agência de notícias AFP que "a Justiça só será feita em Bhopal quando indivíduos e corporações responsáveis forem punidas de maneira exemplar".
Em 1989 a Union Carbide pagou ao Estado indiano uma compensação de US$ 470 milhões, um acerto que a hoje controladora da empresa, Dow Chemicals, diz englobar todas as demandas existentes e futuras contra a companhia.
O complexo industrial foi apropriado pelo Estado de Madhya Pradesh em 1998, mas ambientalistas dizem que ainda há veneno nas instalações.
Mais de 600 mil pessoas foram afetadas por gás venenoso, dizem ONGs

Dez soldados da Otan são mortos em ataques no Afeganistão

Dez soldados da Otan foram mortos em ataques no Afeganistão nesta segunda-feira, em um dos piores dias de baixas para as forças internacionais no país centro-asiático neste ano.
No pior de vários ataques, cinco soldados americanos morreram na explosão de uma bomba colocada na beira de uma estrada no leste do país, de acordo com informações dos Estados Unidos.
Outros cinco soldados da Otan foram mortos em uma série de ataques nas regiões sul e leste do Afeganistão, onde as forças da Otan estão enfrentando o Talebã.
As mortes ocorrem no momento em que os últimos soldados do reforço de 35 mil militares, determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estão chegando ao país.

Candahar
De acordo com o correspondente da BBC em Cabul Martin Patience, os soldados da Otan estão se preparando para uma grande operação na província de Candahar, no sul afegão – o centro da insurgência do Talebã.
Segundo o correspondente, os Estados Unidos acreditam que precisam assumir a dianteira na operação para derrotar os insurgentes do país, aumentando a pressão para que o Talebã aceite negociar.
Na semana passada, o plano do presidente afegão, Hamid Karzai, para iniciar negociações de paz com o Talebã, recebeu apoio de líderes tribais depois de uma reunião de três dias na capital, Cabul.
Mas o grupo de líderes já afirmou no passado que só negociaria com o governo depois que os soldados estrangeiros deixassem o Afeganistão.

EUA buscam ‘novas formas’ de ajudar a Faixa de Gaza

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta segunda-feira que o país está procurando "novas formas" de ajudar a Faixa de Gaza, que enfrenta um bloqueio imposto por Israel.
Biden fez a declaração depois de uma reunião de 90 minutos com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, no resort egípcio de Sharm El-Sheikh.
Biden afirmou que os Estados Unidos estão trabalhando com o Egito e outros parceiros em novas formas para "tratar dos aspectos humanitários, econômicos, de segurança e política da situação".
De acordo com a correspondente da BBC no Cairo Yolande Knell, a reunião ocorreu em meio a um clima de crescente tensão regional, depois dos ataques de Israel contra uma frota de barcos que levava centenas de ativistas pró-Palestina, que deixou nove ativistas mortos na semana passada.
Na madrugada desta segunda-feira, a Marinha israelense voltou a atacar. Desta vez, abriu fogo contra um barco palestino na costa de Gaza, matando cinco pessoas, de acordo com a rádio do Exército de Israel.
Leia mais em:

http://rocaminionu.blogspot.com/2010/06/israel-mata-cinco-em-ataque-barco.html

Abertura
A visita de Biden ao Egito é parte de uma viagem à África que também passará pelo Quênia e pela África do Sul, onde o vice-presidente deve representar o país na abertura da Copa do Mundo.
Biden diz que discutiu com Mubarak os esforços de paz entre Israel e palestinos, os conflitos no Afeganistão e Iraque, a situação política no Sudão e o polêmico programa nuclear no Irã.
Depois do ataque israelense, o presidente egípcio ordenou que a passagem de Rafah, o único posto de fronteira de Gaza que não leva ao território israelense, permaneça aberta por tempo indeterminado para receber ajuda humanitária.
O embaixador americano em Israel, Michael Oren, afirmou que as mortes de ativistas no ataque devem ser investigadas com um inquérito conduzido por Israel.
Os Estados Unidos já afirmaram que a política israelense de bloqueio à Faixa de Gaza é insustentável e precisava ser mudada.
Por outro lado, o próprio Biden anteriormente já defendeu o que definiu como o direito absoluto de Israel de lidar com seus interesses no setor de segurança.

Israel mata cinco em ataque a barco palestino

A Marinha israelense abriu fogo na madrugada desta segunda-feira contra um barco palestino na costa de Gaza, matando cinco pessoas, informou a rádio do Exército de Israel. As Forças Armadas do país disseram que o barco levava militantes armados, em roupas de mergulho, preparando-se para atacar Israel.
O Fatah, partido palestino que controla a Cisjordânia, disse que os corpos seriam de integrantes de seu braço militar e que um quinto integrante ainda está desaparecido.
O Hamas, movimento islâmico palestino que controla a Faixa de Gaza, confirmou o incidente, acrescentando que retirou quatro corpos do mar.
Segundo o jornal israelense Haaretz, o incidente seria o último de uma série de ataques recentes de grupos armados palestinos contra Israel. O país estabeleceu um bloqueio ao território palestino em junho de 2007, após o Hamas ter assumido o controle sobre a Faixa de Gaza.
Na semana passada, as Forças Armadas do país atacaram uma frota de barcos que carregava centenas de ativistas pró-Palestina, e tinha como missão levar ajuda humanitária para Gaza.
Israel disse que os barcos tinham finalidades terroristas. Nove pessoas morreram na operação.

Novas fotos
No domingo, uma organização não-governamental turca, IHH, divulgou fotos do ataque ao barco em que ocorreu a ação que levou à morte dos nove ativistas, o Mavi Marmara, de bandeira turca.
A ONG diz que as imagens mostram os ativistas sendo condescendentes e prestando primeiros socorros aos soldados israelenses feridos durante a operação.
Israel alega que as imagens apenas comprovam a versão israelense de que seus soldados agiram em legítima defesa ao serem atacados pelos ativistas.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, deve prestar uma homenagem aos mortos – oito turcos e um portador do passaporte americano criado na Turquia – em uma visita a Istambul, onde participa nesta segunda-feira de um encontro sobre segurança regional.
No domingo, o embaixador israelense nos Estados Unidos, Michael Oren, disse que seu país não pedirá desculpas à Turquia pela morte dos nove ativistas.
"Israel não pedirá perdão por ter tomado as medidas necessárias para defender seus cidadãos e não se desculpará por ter feito o que foi preciso para defender as vidas de nossos soldados", afirmou Oren à rede de TV americana Fox News.

Ambos os lados dizem que fotos comprovam sua versão
Inquérito internacional
Oren disse ainda que Israel rejeita a proposta de um inquérito internacional sobre a operação.
"Rejeitamos uma comissão internacional", disse ele à Fox. "Israel tem a capacidade e o direito de se auto-investigar e não de ser investigado por qualquer comissão internacional."
A proposta de uma investigação envolvendo outros países foi discutida em um telefonema na manhã deste domingo entre o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o premiê de Israel, Binyamyn Netanyahu. Pelo plano, a comissão incluiria representantes dos EUA, Turquia e Israel, que reportariam suas conclusões ao primeiro-ministro da Nova Zelândia.
No domingo, os ministros do Exterior de França e Grã-Bretanha pediram a Israel que aceite no mínimo uma "presença internacional" na investigação do incidente.
"Acreditamos que deve haver no mínimo uma presença internacional na investigação", disse o ministro britânico, William Hague.
Já o ministro francês, Bernard Kouchner, sugeriu que a União Europeia adote um papel mais importante na provisão de ajuda humanitária para Gaza e na restrição à entrada de armas no território.
"A União Europeia deve participar mais, politicamente e concretamente, do que já faz - e já o faz bastante", disse Kouchner.

Pacote alemão prevê corte de 80 bilhões de euros no orçamento

O governo da Alemanha anunciou nesta segunda-feira o maior pacote de austeridade do país desde a Segunda Guerra Mundial, contendo a promessa de um corte de 80 bilhões de euros (cerca de R$ 171 bilhões) no orçamento nos próximos quatro anos.
O objetivo do governo alemão com o pacote é reduzir o déficit orçamentário no país para cerca de 3% do PIB. O déficit total em 2009 foi de 3,1%, mas a projeção é de crescimento para até 5% em 2010.
Ao anunciar o pacote, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que é importante que o país dê um "bom exemplo" para outros países europeus.
"Os últimos meses mostraram a importância primordial de finanças sólidas - a melhor forma de evitar uma crise", afirmou a chanceler.

Cortes e impostos
Para conseguir economizar os 80 bilhões de euros, o governo da Alemanha prevê uma série de cortes, incluindo um de 30 bilhões de euros no orçamento destinado a programas sociais.
Até 15 mil empregos públicos devem ser eliminados nos próximos quatro anos.
As Forças Armadas do país também vão passar por uma reorganização para economizar dinheiro, com planos para cortar até 40 mil cargos.
Também está prevista a criação de novos impostos. O governo quer, por exemplo, criar uma taxa ambiental a ser cobrada dos passageiros que embarcam em alguns aeroportos do país.
Foi anunciada, ainda, a suspensão dos planos para reconstruiu um palácio no centro de Berlim.

FMI
Também nesta segunda-feira, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou um relatório em que diz que os países da zona do euro precisam aceleram os seus cortes orçamentários para aumentar a confiança dos investidores.
Segundo a organização, a instabilidade financeira no bloco se deve à adoção de “políticas insustentáveis” e que o atual “gerenciamento de crise” não substitui a adoção de medidas de reestruturação econômica.
Ministros das finanças da Europa aprovaram a criação de um fundo de emergência de 440 bilhões de euros com o objetivo de ajudar países que passem por dificuldades.
As autoridades esperam que o fundo possa ajudar a acalmar os investidores que temem que alguns países da região não consigam honrar seus compromissos com credores.

Para ler o texto na íntegra, com críticas e mais links sobre o assunto, acesse:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100607_alemanhaausteridadefn.shtml

Israel anuncia investigação própria sobre ataque a flotilha

Israel informou nesta segunda-feira que investigará por conta própria a operação executada numa flotilha de ajuda humanitária para Gaza que terminou com mortes na semana passada, após rejeitar a proposta da Organização das Nações Unidas (ONU) para uma investigação internacional.
Falando ao Parlamento em resposta a um voto de desconfiança apresentado pelos partidos de oposição por causa da operação de 31 de maio, o ministro da Defesa Ehud Barak disse que Israel examinaria formas de minimizar o atrito ao impor o bloqueio a Gaza, região atualmente sob o governo do Hamas.
As tropas israelenses mataram a tiros nove turcos durante a operação na flotilha que seguia para Gaza. Eles afirmaram que estavam respondendo à agressão de manifestantes que portavam facas e porretes.
No domingo, Israel negou a proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para uma investigação internacional conduzida pelo ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia Geoffrey Palmer, com representantes turcos, israelenses e norte-americanos.
"Nós temos a intenção de fazer uma investigação sobre os acontecimentos", disse Barak, sem fornecer detalhes sobre o formato da investigação.
Barak afirmou que a investigação somar-se-ia a um inquérito militar, e buscaria estabelecer se o bloqueio de quatro anos imposto contra Gaza e sua operação "cumpriram com os padrões da lei internacional."
"Tiraremos lições no nível político, (e) no establishment da segurança," disse Barak.
"Desde o ocorrido temos ouvido e lido muito falatório e questões e sem dúvida nos próximos meses deveremos discutir as lições...talvez formas adicionais de atingir os mesmos objetivos do bloqueio, reduzindo o máximo possível o potencial de atrito", acrescentou ele.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Israel sugere inquérito com observadores estrangeiros sobre Gaza

Israel propôs nesta quinta-feira, diante da pressão da ONU por uma investigação internacional sobre o incidente desta semana na costa de Gaza, a realização de um inquérito comandado pelo próprio Estado judeu, mas com a participação de observadores internacionais.
O chanceler Avigdor Lieberman acatou a sugestão dos Estados Unidos, em uma tentativa de aplacar a indignação internacional com a abordagem militar a uma frota naval que tentava furar o bloqueio israelense à Faixa de Gaza e levar mantimentos à população palestina desse enclave, governado pelo grupo islâmico Hamas. Nove ativistas morreram na operação, na madrugada de segunda-feira.
Centenas de ativistas presos no incidente foram libertados por Israel e chegaram a Istambul, onde foram recebidos como heróis. Eles acusaram os fuzileiros navais israelenses de cometerem "crimes de guerra" e homicídios injustificados a bordo da balsa turca Mavi Marmara.
Na Cisjordânia ocupada, o representante especial dos EUA para a região, George Mitchell, disse que "a tragédia" não deve abalar as negociações mediadas por ele entre Israel e a Autoridade Palestina, as quais o diplomata disse estarem progredindo.
O presidente da Fundação para Liberdades e Direitos Humanos e Auxílio Humanitário, que organizou a missão humanitária para Gaza, disse que os ativistas a bordo do Mavi Marmara tomaram as armas de dez soldados que abordavam o navio e as jogaram pela amurada, sem dispará-las.
Israel alega que seus soldados mataram os ativistas porque estavam sendo agredidos ao descerem de helicóptero no convés, inclusive sendo alvejados com pistolas tomadas dos militares pelos ativistas.
"Dissemos aos nossos amigos a bordo: 'Vamos morrer, virar mártires, mas jamais sejamos mostrados (...) como os que usaram armas," declarou Bulent Yildirim. "Com esta decisão, nossos amigos aceitaram a morte, e jogamos no mar todas as armas que pegamos deles."
A União Européia, a Turquia e a ONU defenderam a realização de uma investigação internacional, enquanto os EUA, principais aliados de Israel no mundo, sugeriram um inquérito israelense com envolvimento internacional.
Israel diz que havia "terroristas" a bordo das embarcações, e que o fim do bloqueio à Faixa de Gaza permitiria que o Hamas obtivesse mísseis iranianos de longo alcance, e que isso seria uma ameaça não só para Israel, mas também para a Europa.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Maioridade penal, simulação no OEA

Em mais um encontro do projeto MINI-ONU, delegados discutiram sobre um tema bastante polêmico

Como sempre, o comitê da Organização das Nações Unidas está sempre mostrando um ótimo trabalho. Dessa vez, os delegados votaram a favor do tema “maioridade penal”. Os diretores esclareceram as dúvidas sobre o tema e o debate se iniciou. As declarações eram feitas a partir de opiniões pessoais.
Os delegados estão se mostrando cada vez mais empenhados no projeto, se pronunciando muito bem durante as reuniões. Como sempre, o representante de Cuba se mostra sem receio em dizer seus argumentos. A delegada de El Salvador também se destaca, pois possui sempre argumentos inteligentes e consegue medir bastante as suas palavras.
A elaboração e apresentação do documento de resolução foi bem sucedida: passou pela mesa e teve aprovação unânime dos demais delegados.

Pérolas:
Daniel Madureira (Brasil): “(...) penalidade penal...”
Mateus Andrade (Cuba): “estou falando é sobre os centros de revitalização...” [UOW! Centros especializados em reviver pessoas?]
Guilherme Marques (Diretor): “Sendo assim, a mesa reconhece... Comissão de Paz...” [COMISSÃO? Não seria “Conferência”?]

Simulação do comitê do Meio Ambiente no projeto MINI-ONU

Com a discussão sobre ‘casamento homossexual’, delegados se sentem cada vez mais à vontade para se declararem

A última quarta-feira, dia 26, o comitê CNU (Meio Ambiente) realizou mais um encontro para debater. Como o tema não foi escolhido de forma antecipada, os delegados votaram a favor do debate sobre o ‘casamento entre homossexuais’, para que assim pudessem declarar suas opiniões pessoais.
Todos os delegados se declararam, mas as participações importantes do delegado da China e dos EUA devem ser ressaltadas. Os demais representantes se declararam menos, porém alguns possuíam argumentos que ajudaram bastante para que o debate se desenvolvesse.
A participação do diretor do comitê da Organização das Nações Unidas (OEA), representando a Itália, também foi importante para que alguns delegados pudessem se declarar.
Por fim, o documento de resolução foi elaborado e passou pela mesa. Sem a aprovação unânime, o documento foi aceito e a reunião foi encerrada.

Pérolas:
Tiago Daldegan (China), durante seu discurso: “Questão de privilégio pessoal, para podermos entrar em uma conclusão...” [ah, pedindo questão em pleno discurso, e ainda para poderem cegar em uma conclusão? Beleza.]
Flávio Coimbra (EUA): “Uma das religiões predominantes no mundo é a muçulmânica...” [Muçulmânica?!]

Israel ataca frota de ajuda a Gaza e mata ao menos dez

A Marinha de Israel atacou nesta segunda-feira uma frota de embarcações com ativistas pró-palestinos que tentavam furar o bloqueio à Faixa de Gaza e entregar suprimentos à região. Segundo a TV israelense, pelo menos 10 pessoas teriam morrido. Em um comunicado, a Marinha de Israel disse ter respondido a disparos que partiram das embarcações durante a abordagem.
Em entrevista à rádio do Exército, o ministro da Indústria e Comércio de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, disse lamentar as mortes.
A exata localização das embarcações é incerta. Israel teria advertido as embarcações para que não invadissem suas águas territoriais. Mas, segundo os ativistas, os barcos estavam em águas internacionais, a mais de 60 quilômetros da costa.

Suprimentos

Os barcos, organizados pela ONG Free Gaza, levavam 750 ativistas e cerca de 10 mil toneladas de suprimentos para a Faixa de Gaza.
Imagens da TV turca feitas a bordo do barco turco que liderava a frota mostram soldados israelenses lutando para controlar os passageiros e feridos deitados no chão da embarcação. A todo momento, tiros podem ser ouvidos.
A TV árabe Al-Jazeera relatou, da mesma embarcação, que as forças da Marinha israelense haviam disparado e abordado o barco, ferindo o capitão. Então a transmissão foi interrompida com uma voz gritando em hebraico: “Todo mundo cale a boca!”.

‘Provocação’
A frota de seis embarcações havia deixado as águas internacionais próximo à costa do Chipre no domingo e pretendia chegar a Gaza nesta segunda-feira.
Israel havia dito que bloquearia a passagem dos barcos e classificou a campanha de “uma provocação com o intuito de deslegitimar Israel”. Então decretou um bloqueio quase total à entrada de mercadorias na Faixa de Gaza desde que o grupo islâmico Hamas tomou à força o controle da região, em junho de 2007.
O Hamas é acusado pelos disparos de milhares de mísseis contra o território israelense na última década.
Israel diz que permite a entrada de 15 mil toneladas de suprimentos de ajuda humanitária a Gaza a cada semana. Mas a Organização das Nações Unidas diz que isso é menos de um quarto do necessário.

Embarcações levavam cerca de 10 mil toneladas de suprimentos a Gaza

Ataque a frota rumo a Gaza gera condenação internacional e temor de violência

O ataque israelense à frota de barcos com ativistas que tentavam furar o bloqueio à Faixa de Gaza nesta segunda-feira aumentou as tensões na região e gerou o temor de uma reação violenta por parte dos palestinos.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, descreveu a ação como “um massacre” e declarou três dias de luto na Cisjordânia. Ele pediu ainda ao Conselho de Segurança da ONU e à Liga Árabe a realização de reuniões de emergência para discutir o incidente.
Ismail Haniya, líder do governo liderado pelo Hamas em Gaza, classificou o ataque como “brutal” e pediu à ONU que intervenha.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que os organizadores da frota são os responsáveis pelo resultado da ação, mas disse que o governo israelense assumirá as consequências de suas ações e continuará a proteger sua autonomia.
Um analista do jornal israelense Haaretz diz que a hipótese de que o líder árabe-israelense Raed Salah estaria entre os mortos poderia levar, se confirmada, a uma “terceira intifada (revolta popular palestina)”.

Manifestações

Centenas de pessoas foram às ruas em Nazaré, cidade israelense de maioria árabe, para protestar contra a ação israelense. Outras manifestações também aconteceram em mais países. No Líbano, milhares de refugiados palestinos saíram às ruas para protestar. Em Amã, na Jordânia, manifestantes queimaram uma bandeira de Israel pintada com suásticas nazistas.
Na Turquia, dezenas de pessoas se concentraram em frente à casa do embaixador israelense em Ancara. Alguns manifestantes chegaram a tentar invadir o prédio.
Acredita-se que a maioria dos mortos durante a ação israelense era turca.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel advertiu os cidadãos do país a não viajarem para a Turquia e para os israelenses já no país a evitarem grandes concentrações de pessoas.
O governo turco chamou a ação israelense de “inaceitável” e convocou o embaixador israelense para discutir o incidente.

‘Chocado’A ação israelense foi condenada por diversos líderes internacionais. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se disse “chocado” com a ação.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, convocou uma reunião de emergência da organização nesta terça-feira para discutir a ação israelense.
“O ataque indica que Israel não está pronto para a paz. Israel atacou a frota porque se sente acima da lei”, disse Moussa. “Não há benefícios em lidar com Israel desta maneira”, afirmou.
A ministra das Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, pediu às autoridades israelenses a abertura de um “inquérito pleno” sobre a ação e disse que o bloco reitera seu pedido para que as fronteiras de Gaza sejam abertas à entrada de ajuda humanitária, bens e pessoas.
Muitos dos ativistas a bordo dos barcos eram cidadãos europeus.

domingo, 30 de maio de 2010

ONU investiga ação do Brasil no Haiti

A Organização das Nações Unidas abriu uma investigação para determinar se houve "uso excessivo da força" por parte de uma patrulha brasileira que, na segunda-feira, depois de ter sido apedrejada por universitários, no centro de Porto Príncipe, lançou bombas de gás lacrimogêneo e efetuou disparos com balas de borracha e munição real dentro da Faculdade de Etnologia da Universidade do Haiti. O episódio foi considerado "grave" por David Wimhurst, porta-voz do representante da ONU no Haiti, Edmond Mulet.

Milhares de manifestantes ao longo da semana marcharam pedindo a renúncia do presidente René Préval e a saída das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), lideradas pelo general brasileiro Paul Cruz.

A denúncia interferiu no clima da tropa brasileira, habituada a elogios feitos à sua atuação no Haiti desde 2004. Na mesma semana, as tropas brasileiras anunciaram que uma apuração interna - prévia à investigação da ONU - concluiu que não houve excesso.

"Rechaço com veemência essas denúncias. Se isso tudo tivesse acontecido, nos afetaria tremendamente", disse o coronel Rêgo Barros, responsável pelo Batalhão Brasileiro 1. "Disparamos, sim, e a norma nos dá permissão em casos como esse, quando há risco para a tropa ou para terceiros. Também podemos entrar na universidade fazendo o uso escalonado da força. Foi usado material não letal. Fomos corretos."

Wimhurst, porém, disse não acreditar que um dos alunos que foi detido na operação "tenha sido tratado como um anjo". O Exército assegura que foi feito exame de corpo de delito no estudante antes de entregá-lo à polícia. Para o porta-voz da Minustah, a conclusão prévia é a de que "os militares brasileiros não deveriam ter entrado na faculdade". Wimhurst disse também que, no início da apuração, os militares disseram que não tinham jogado bombas, mas depois descobriu-se que 32 foram lançadas.

Programa nuclear do Brasil é investigado após acordo com o Irã

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de auditoria da Organização das Nações Unidas, iniciou em segredo neste mês uma força-tarefa para avaliar as atividades nucleares do Brasil. A operação ocorre após o acordo firmado entre os governos brasileiro e iraniano sobre a transferência de urânio do Irã para a Turquia. A AIEA reclama de áreas secretas no programa nuclear do Brasil. As informações são do jornal Le Monde.

Segundo o diretor da Agência de Energia Atômica, Yukiya Amano, que visitou o Brasil em março, é "frustrante" que seus inspetores não possam acessar todas as atividades de enriquecimento de urânio realizadas no país. O governo brasileiro justifica a parte secreta de suas centrífugas por razões de concorrência comercial. O importante papel desempenhado pelo Exército - em especial a Marinha - no programa nuclear brasileiro reforça as preocupações apresentadas pela AIEA. Algumas fontes do Le Monde consideram que o Brasil é um país "em risco" porque tem garantias suficientes e nunca mencionou a posse da bomba como um elemento crucial do poder por sua própria conta.

Nova lei de imigração do Arizona gera protestos nos EUA

Protestos contra e a favor da nova lei de imigração do Arizona devem levar hoje milhares de pessoas para as ruas nos Estados Unidos. Os opositores à lei vão realizar uma série de protestos em todo o país, em demonstrações que podem levar mais de 50 mil pessoas às ruas.

O Departamento de polícia de Phoenix, no Arizona, colocará equipes extras para garantir a segurança no trecho de oito quilômetros que deve ser percorrido pelos manifestantes. Um protesto a favor da legislação também deve reunir milhares de pessoas.

A nova lei de imigração do Arizona permite que a polícia estadual detenha qualquer pessoa que considerar um imigrante clandestino. O governo federal já ameaçou considerar a lei inconstitucional, por ferir os direitos mais elementares da dignidade humana.

EUA: acordo obtido pelo Brasil no Irã é 'inaceitável'

Os Estados Unidos qualificaram ontem o acordo mediado por Brasil e Turquia com o Irã de "inaceitável" e informaram que a carta enviada pelo presidente Barack Obama ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se consistia em "instruções para negociação".

Contradizendo o Itamaraty, o governo americano afirmou ainda que o chanceler Celso Amorim "sabia perfeitamente" que o acordo de troca de combustível com o Irã, fechado no dia 17, não levaria os EUA a desistirem das sanções contra Teerã. Os EUA rejeitaram o acordo sob o argumento de que ele não resolvia o problema de o Irã continuar enriquecendo urânio. Amorim e o governo brasileiro esperavam que, com o acordo, os EUA deixassem de buscar as sanções na ONU contra o Irã.

O Itamaraty sustenta que o Brasil fez tudo o que Obama recomendava na carta enviada a Lula em 20 de abril. "Ninguém nos disse: olha, se eles não pararem com o enriquecimento a 20%, esqueça o acordo", disse Amorim nesta semana.

Washington convocou uma entrevista para ''esclarecer'' pontos sobre o acordo e desmentiu Amorim. "O ministro das Relações Exteriores do Brasil sabia perfeitamente da importância dessa questão (do enriquecimento)", disse um dos três altos funcionários do governo que participaram da entrevista. "Em fevereiro, o subsecretário Bill Burns reuniu-se com Amorim e discutiu esse assunto longamente, e a secretária Hillary Clinton também falou disso com Amorim e com Lula", disse outro funcionário.

Os americanos afirmaram que o acordo é "simplesmente inaceitável", pois ele permite que o Irã continue enriquecendo urânio, o que vai contra as atuais resoluções da ONU. Afirmaram ainda que o acordo está defasado, porque hoje o Irã já tem um estoque de urânio muito maior do que tinha em outubro, quando as potências fizeram proposta parecida.

EUA confirmam viver pior desastre ecológico de sua história

WASHINGTON - O vazamento de petróleo no Golfo do México é "possivelmente o pior desastre ecológico" da história dos Estados Unidos, afirmou hoje Carol Browner, assessora para meio ambiente e energia da Casa Branca.

Em declarações ao programa "Meet the Press", do canal "NBC", Carol falou depois que a companhia British Petroleum, responsável pelo derramamento, anunciou o fracasso dos planos de bloquear o fluxo de petróleo com uma injeção de lama pesada.

O vazamento de petróleo no Golfo do México é "possivelmente o pior desastre ecológico" da história dos Estados Unidos, afirmou hoje Carol Browner, assessora para meio ambiente e energia da Casa Branca.

Em declarações ao programa "Meet the Press", do canal "NBC", Carol falou depois que a companhia British Petroleum, responsável pelo derramamento, anunciou o fracasso dos planos de bloquear o fluxo de petróleo com uma injeção de lama pesada.

Carol Browner disse que o óleo deve continuar vazando no Golfo do México por meses e que a administração está "preparada para o pior". Ela diz que o governo ordenou que a empresa

perfure dois poços de alívio para o caso de o primeiro não funcionar.

Ontem, a companhia British Petroleum (BP), responsável pelo vazamento de petróleo no Golfo do México, anunciou, que a operação para fechar o poço por meio da injeção de fluidos pesados, como lama, não obteve sucesso, e que passaria a tentar um novo método.

O diretor de operações da BP, Doug Suttles, disse que a decisão da adoção de uma nova medida - a de cobrir o poço com uma cúpula - foi tomada após consultas com as autoridades federais. A operação "top kill" foi iniciada na quarta, mas cerca de 12 mil a 19 mil barris de petróleo continuam a vazar a cada dia no Golfo do México.

A nova estratégia prevê serrar, com submarinos robôs, o encanamento rompido de onde sai o petróleo e cobrir o resto com o que é basicamente um gigantesco funil, através do qual se passaria o óleo a navios na superfície.

O impasse nuclear

Os Estados Unidos anunciaram sua nova estratégia de segurança nacional, pela qual abandonam as posições antes fixadas pelo governo Bush. No documento, no entanto, o presidente Barack Obama afirma que os EUA vão continuar a assegurar a segurança mundial, embora ressalve que não poderão fazer isso sozinhos.

Essa posição já confronta um desafio, no qual os EUA insistem na imposição de sanções ao Irã, por causa de seu programa nuclear, necessitando para isso do apoio do Conselho de Segurança da ONU. Com eleições parlamentares em novembro, o governo sofre intensa pressão interna, a ponto de se desdizer.

Em razão das relações que construiu com o Irã, o Brasil dispôs-se a negociar um acordo com os iranianos, observando as condições impostas pelo presidente Obama. Feito o acordo, intermediado também pela Turquia, eis que o governo norte-americano o nega, alegando que as condições mudaram de outubro para cá.

O impasse está posto. O acordo não garante que o Irã não terá urânio suficiente para fabricar a bomba, só que irá beneficiar uma parte dele, para fins pacíficos, na Turquia. A desconfiança persiste entre as duas partes e Brasil e Turquia não têm condições de oferecer garantias adicionais, além das estabelecidas no acordo.

Ontem, encerrou-se uma conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear pelo qual se pretende criar uma zona livre dessas armas no Oriente Médio. Um acordo era dificultado por Israel, que não afirma nem nega que tenha a bomba. Mas os países árabes querem que Israel seja citado explicitamente.

Diante do panorama armamentista mundial, é muito difícil obter progressos. Os EUA têm mais de 5.000 ogivas nucleares. Outros países têm a bomba, mas escondem seus quantitativos. Se o Iraque a tivesse, provavelmente os norte-americanos não o teriam invadido. A escalada é insensata, mas como impedi-la?

Obama é contra a bomba, mas o complexo industrial-militar dos EUA não abre mão de seu arsenal.

Japão ampliará sanções contra Coreia do Norte após naufrágio

TÓQUIO (Reuters) - O Japão vai aumentar as sanções contra a Coreia do Norte, disse o principal porta-voz do governo nesta sexta-feira, depois que investigações concluíram na semana passada que Pyongyang era responsável pelo naufrágio de um navio de guerra sul-coreano em março.

O governo japonês, que há muito tempo tem relações hostis com a Coreia do Norte sobre assuntos como a colonização japonesa de 1910 a 1945 da península coreana, e o sequestro de cidadãos japoneses por Pyongyang algumas décadas atrás, se vê como possível alvo de agressão por parte de seu imprevisível vizinho.

A medida foi divulgada antes da cúpula trilateral com a Coreia do Sul e a China deste final de semana, em que Pequim sofrerá novas pressões para se unir ao grupo internacional que condena Pyongyang.

"A posição do governo é que iremos apresentar nosso pensamento sobre a Coreia do Norte nas reuniões internacionais e trabalhar de perto com a Coreia do Sul", disse a jornalistas o secretário-chefe do gabinete japonês, Hirofumi Hirano.

"Fazemos um forte apelo à China para que entenda essa posição e se alinhe a nós, para compartilhar nosso entendimento."

O Japão vai reduzir o limite sobre a quantidade de dinheiro não-declarado que pode ser transportado em viagens à Coreia do Norte para 100 mil ienes, ante os atuais 300 mil ienes, disse Hirano a jornalistas. Transferências de mais de 3 milhões de ienes também deverão ser declaradas, comparados aos 10 milhões anteriores, disse ele.

As novas sanções serão implementadas rapidamente, acrescentou.

China convoca a região a evitar confronto das China convoca a região a evitar confronto das Coreias

SEOGWIPO, Coreia do Sul - A China rejeitou a pressão para censurar a Coreia do Norte em uma cúpula regional no domingo e convocou seus vizinhos a acalmarem as tensões sobre o afundamento de um navio de guerra e evitar um confronto que poderia abalar a Ásia.

Seul e Tóquio culpam a Coreia do Norte, cujo líder Kim Jong-il visitou a China no início do mês, por torpedear a corveta sul-coreana Cheonan em março, matando 46 marinheiros -no incidente militar mais mortífero desde a Guerra da Coreia.

A China, maior parceira comercial da Coreia do Norte e que lutou ao seu lado na guerra travada entre 1950 e 1953, recusou-se a se juntar publicamente à condenação internacional à Pyongyang, dizendo ainda estar analisando as provas.

O premiê chinês, Wen Jiabao, manteve essa posição na cúpula de dois dias em Seogwipo, um resort na ilha de Jeju, na Coreia do Sul, que em princípio trataria da integração econômica da região.

- A tarefa premente agora é reagir apropriadamente aos sérios efeitos do incidente de Cheonan, reduzir as tensões progressivamente e especialmente evitar um confronto - disse Wen, ao lado do primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, e do presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, ao final da cúpula.

Wen não citou a Coreia do Norte nominalmente, nem deu indicações concretas de que a China aceitaria uma iniciativa do Conselho de Segurança da ONU para condenar a Coreia do Norte.

A Coreia do Norte negou qualquer responsabilidade no incidente de Cheonan. A Agência Oficial de Notícias Coreana disse no sábado que os EUA culpam o norte pelo afundamento do navio para manter uma base da Marinha no Japão e fazer a China se sentir "constrangida".

O afundamento do navio levou o governo do Japão a ampliar as sanções contra a Coreia do Norte.

Na semana passada, a Coreia do Sul anunciou uma série de sanções contra sua vizinha, incluindo cortes no comércio, retomar transmissões de propaganda política através da fronteira e lançar exercícios navais perto da disputada fronteira marítima do Mar Amarelo. O país ainda prometeu levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU.

BP estuda novos meios para conter vazamento no Golfo

A British Petroleum afirma estar desenvolvendo robôs submarinos e novos dispositivos de contenção para combater o pior derramamento de óleo na história dos Estados Unidos. Seis semanas depois da catástrofe, a gigante petrolífera ainda busca uma maneira para desacelerar o vazamento, causado pela explosão de uma plataforma no Golfo do México.

A última tentativa de resolver temporariamente o problema fracassou no sábado, quando a British Petroleum afirmou que a operação "top kill", iniciada na quarta-feira, não conseguiu conter o fluxo de petróleo. "Isso assusta todo mundo, o fato de não conseguirmos fazer isso parar de fluir, o fato de não termos tido sucesso até agora", disse o executivo-chefe de Operações da companhia britânica, Doug Suttles. "Muitas das coisas que estamos tentando já foram feitas na superfície antes, mas nunca tentadas a 5 mil pés."

Suttles acrescentou que a British Petroleum planeja agora utilizar robôs submarinos para remover a peça danificada e instalar uma válvula de contenção, o que deve levar de quatro a sete dias. "Estamos confiantes de que o trabalho funcionará, mas obviamente não podemos garantir o sucesso", disse ele sobre o novo plano. As informações são da Associated Press.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Acordo Irã-Turquia-Brasil: Irã vai informar a AIEA no dia 24 de maio

Teerã, 21 Mai 2010 (AFP) -O Irã prestará informação, na próxima segunda-feira, à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) do acordo de troca de urânio assinado pelo país com Brasil e Turquia, anunciou nesta sexta-feira a empresa oficial Irna.

"A representação da República Islâmica na AIEA entregará no dia 24 de maio ao diretor-geral da agência uma carta", referente ao acordo com Turquia e Brasil, disse a Irna, citando um texto liberado pelo Conselho Supremo de Segurança nacional.

De acordo com o comunicado, a data foi fixada após consultas com o escritório do diretor-geral da AIEA. Representantes de Turquia e Brasil estarão presentes no ato de entrega da carta.

O acordo assinado na segunda-feira em Teerã prevê a troca na Turquia de 1.200 kg de urânio levemente enriquecido (3,5%) por 120 kg de combustível enriquecido a 20% disponibilizado pelas grandes potências e destinado ao reator de pesquisas nucleares com finalidades médicas de Teerã.

A AIEA havia proposto, em outubro, que o Irã enviasse 1.200 kg de urânio levemente enriquecido à Rússia, para ser enriquecido a 20% antes de ser transformado pela França em combustível para o reator.

No entanto, o Irã não chegou a aceitar a oferta, alegando falta de garantias.

Na quarta-feira, o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, declarou em Bucareste que a agência aguardava um comunicado por escrito do Irã em relação a esse acordo.

"Na segunda-feira, dia 17 de maio, fui informado sobre uma declaração assinada entre os primeiros-ministros do Irã, da Turquia e do Brasil, afirmando que o Irã entraria em contato com a AIEA no prazo de uma semana. Então, espero a nota por escrito. É a situação atual", disse à imprensa.

Cresce a tensão entre as duas Coreias por naufrágio

SEUL/PEQUIM (Reuters) - A Coreia do Sul anunciou na segunda-feira novas medidas econômicas contra a Coreia do Norte em retaliação pelo naufrágio de um navio militar, e ambos os lados intensificaram sua retórica belicista.

Os Estados Unidos, que apoiam a Coreia do Sul, alertaram que a situação é "altamente precária", A China, único aliado importante do Norte, pediu calma.

Na semana passada, investigadores internacionais concluíram que a Coreia do Norte torpedeou a corveta sul-coreana Cheonan em março, matando 46 marinheiros, num dos piores incidentes entre os dois países desde a Guerra da Coreia (1950 a 1953).

Os Estados Unidos, que têm 28 mil soldados na Coreia do Sul, manifestaram total apoio a Seul e disseram estar empenhados em evitar que a situação se agrave. A secretária de Estado Hillary Clinton está em visita a Pequim, onde participa da pressão dos EUA sobre a China para controlar as atitudes do seu isolado vizinho.

A China evitou se posicionar nesse assunto. Analistas dizem que Pequim teme a instabilidade na Coreia do Norte.

A retórica agressiva tem assustado investidores, mas analistas duvidam que a Coreia do Norte ouse ir à guerra, pois sabe que suas forças são tecnicamente inferiores às da Coreia do Sul e EUA. Para Seul, um conflito armado seria desastroso para os investimentos econômicos no país.

"Peço solenemente às autoridades da Coreia do Norte (...) que se desculpem imediatamente à República da Coreia (do Sul) e à comunidade internacional", disse o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, pela TV.

Lee disse que levará o caso ao Conselho de Segurança da ONU, onde a Coreia do Norte já foi submetida a duras sanções econômicas por causa de seus programas nuclear e de mísseis.

Além disso, Seul proibiu todo o comércio, os investimentos e as visitas à Coreia do Norte, e proibiu embarcações norte-coreanas de usarem uma rota mais barata nas águas do Sul.

A Casa Branca disse que as sanções sul-coreanas são adequadas, e que o Norte deveria abandonar seu "comportamento beligerante e ameaçador". Mas Hillary não quis falar sobre a possibilidade de novas sanções à Coreia do Norte da ONU, onde a China provavelmente as vetaria.

O governo do Japão também está discutindo eventuais novas sanções a Pyongyang.

Irritado, o regime norte-coreano ameaçou alvejar transmissores que o Sul prometeu instalar para transmitir por rádio mensagens contra a Coreia do Norte. Pyongyang também divulgou nota dizendo ter o direito de ampliar sua dissuasão nuclear.

"A meta da Coreia do Norte é instigar a divisão e o conflito", disse Lee no memorial de guerra em Seul. "Já é hora de o regime norte-coreano mudar."

Coreia do Norte rompe relações com Coreia do Sul

Em escalada de tensão, Pyongyang corta comunicações com Seul e anuncia expulsão de sul-coreanos de complexo industrial

A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira o rompimento de todas as suas relações com a Coreia do Sul e o corte das comunicações entre os dois países, informou a agência de notícias oficial do país, KCNA, em meio à crescente escalada de tensão na Península Coreana após o naufrágio de um navio de guerra sul-coreano pela Coreia do Norte, informou a agência sul-coreana "Yonhap".

Os norte-coreanos anunciaram também que expulsarão todos os sul-coreanos que trabalham no complexo industrial de Kaesong, localizado ao norte da linha que separa os dois países, ainda que seja financiado por Seul, acrescentou a mesma fonte.

Todos os barcos e os aviões sul-coreanos terão acesso proibido às águas territoriais e ao espaço aéreo norte-coreano, explicou a agência.

Em comunicado do norte-coreano Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia, o regime comunista afirmou que não haverá mais diálogo entre as Coreias durante o mandato de Lee Myung-bak como presidente da Coreia do Sul, segundo "Yonhap".

Ameaças de reação militar

O anúncio foi feito horas depois de o governo comunista norte-coreano ter ameaçado lançar uma ação militar caso a Coreia do Sul viole suas águas territoriais no litoral oeste. "Se as intrusões do lado do Sul em nossas águas territoriais continuarem, a RDPC (República Democrática Popular da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte) colocará em vigência medidas militares práticas para defender suas águas, como já esclareceu, e o lado do Sul será totalmente responsabilizado por todas as consequências", disse a agência de notícias norte-coreana KCNA, citando autoridades de primeiro escalão.

A furiosa guerra de palavras - o Norte se refere ao governo do Sul como "gângsteres militares, tomados pela febre da guerra" - surge depois de um relatório de investigadores internacionais divulgado na semana passada acusar a Coreia do Norte de torpedear a corveta sul-coreana Cheonan, em março, matando 46 marinheiros.

Comércio suspenso

Lee Myung-bak, presidente da Coreia do Sul, discursa nesta segunda-feira

Na segunda-feira o presidente sul-coreano Lee Myung-bak reduziu o comércio com seu empobrecido vizinho do norte e impediu que navios comerciais norte-coreanos viajem por suas águas. Ele também disse que pretende levar o caso para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Em um discurso transmitido pela televisão, o presidente sul-coreano afirmou que seu país estava se esquecendo de que "divide a fronteira com um dos países mais propensos à guerra do mundo". "Exorto as autoridades da Coreia do Norte a fazer o seguinte: pedir desculpas à Coreia do Sul e à comunidade internacional. Punir imediatamente os responsáveis e os envolvidos no incidente."

Muitos analistas duvidam que os dois países se arriscariam a ir a uma guerra, o que seria suicídio para o Norte e economicamente catastrófico para o Sul.

EUA aumentam pressão

Na segunda-feira, os EUA aumentaram a pressão sobre o regime de Pyongyang com o anúncio de que o Pentágono realizará exercícios navais conjuntos com a Coreia do Sul. O porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, Bryan Whitman, disse que as manobras serão feitas "em um futuro próximo" e terão o objetivo de melhorar a capacidade dos dois países de detectar a presença de submarinos inimigos e bloquear a passagem de embarcações com carga nuclear.

O governo do presidente americano, Barack Obama, "deu ordens a seus comandantes para que se coordenem estreitamente com seus pares sul-coreanos, para garantir que estejam preparados e impeçam futuras agressões", segundo um comunicado emitido nesta madrugada, no qual a Casa Branca expressa seu "inequívoco" apoio militar à defesa da Coreia do Sul.

'Fabricação'

As medidas foram anunciadas menos de uma semana depois que especialistas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália e Suécia concluíram, em um relatório, que o navio militar sul-coreano foi afundado depois de ser atingido por um torpedo da Coreia do Norte.

De acordo com o relatório, partes do torpedo recuperadas do fundo do mar mostram um tipo de letra encontrado em outros torpedos norte-coreanos. A Coreia do Norte nega qualquer envolvimento no incidente, afirmando que os resultados da investigação são uma "fabricação", e ameaçando com guerra, caso sejam impostas novas sanções.