quarta-feira, 9 de junho de 2010

Análise: Novas sanções da ONU não vão deter o Irã

O novo pacote de sanções da ONU contra o Irã dificilmente trará mais resultados que as três primeiras rodadas já impostas. A poucas horas da votação das medidas, nesta quarta-feira, diplomatas ocidentais já diziam que as sanções aprovadas não seriam as últimas.
Ao que tudo indica, muitos outros meses de espera serão necessários para o monitoramento dos próximos passos do Irã, para a elaboração de novos relatórios da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU) e a realização de novas negociações a respeito de outras retaliações.
Nesse cenário, pelo menos por enquanto, diplomatas descartam a possibilidade da realização de um ataque a uma instalação nuclear iraniana. Mas admitem que, em algum momento futuro, a busca de uma solução diplomática pode se tornar irrealista.
Nesse novo estágio, restarão duas opções: aceitar o programa nuclear do Irã, que pode estar a poucos passos da construção de uma bomba atômica, ou recorrer à retaliação militar.
Para descontentamento de Grã-Bretanha, Estados Unidos e França, medidas contra o setor de petróleo e gás iraniano ficaram de fora da última rodada de sanções.
Retaliações assim enfrentaram oposição dos dois outros membros do Conselho de Segurança da ONU, China e Rússia. Ambos os países têm interesse no petróleo e gás iraniano, além de não enxergarem o Irã como uma ameaça estratégica.

Petróleo
Apesar de rico em reservas de petróleo, o Irã não têm condições de refinar seus derivados em quantidade suficiente para uso próprio. Por isso, as sanções que mais atingiriam o país – até agora evitadas – visariam tanto o fim das vendas de derivados de petróleo ao país como a proibição de investimentos internacionais na indústria de óleo e gás iraniana.
Por conta disso, agora se espera que o Congresso americano aprove legislação banindo do território americano companhias com investimentos significativos em petróleo e gás no Irã.
O governo britânico também deve pressionar a União Europeia a aprovar medidas que restrinjam investimentos no setor energético do Irã.

Fracasso
O Irã rejeitou as demandas do Conselho de Segurança da ONU com base na alegação de que elas são ilegais. O país continua insistindo que se limita a enriquecer urânio sem finalidade militar.
As sanções falharam até agora por dois motivos. O primeiro deles é que interesses vitais do país não foram atingidos. As novas resoluções têm como objetivo apenas reforçar as tentativas anteriores de impedir o Irã de adquirir tecnologia para a criação de uma bomba nuclear ou para a construção de mísseis balísticos.
As retaliações se limitam a banir o suprimento de armamentos ao país, a apertar restrições a negócios com bancos e alguns indivíduos iranianos, como integrantes da Guarda Revolucionária, e a permitir a inspeção de navios ou aviões suspeitos.
A segunda razão para o fracasso das sanções é o fato de que o governo do país está disposto a absorver o impacto limitado das retaliações em nome de uma causa maior: a continuidade de seu programa nuclear.

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