quarta-feira, 9 de junho de 2010

Presidente iraniano diz que sanções devem ser ‘jogadas no lixo’

Ahmadinejad disse que sanções não irão ferir iranianos



O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas contra seu país nesta quarta-feira devem ser “jogadas no lixo”.
“Eu enviei a eles (as potências globais) uma mensagem de que as resoluções aprovadas são como um lenço usado que deve ser jogado na lata de lixo”, disse Ahmadinejad, em visita ao Tadjiquistão, segundo a agência de notícias iraniana Isna.
“Elas (as sanções) não são capazes de ferir os iranianos”, afirmou.
A quarta rodada de sanções contra o Irã foi aprovada nesta quarta-feira com o apoio de 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Brasil e a Turquia, que são membros rotativos, sem direito a veto, votaram contra as sanções, e o Líbano se absteve.

Reações
Logo após a votação, o embaixador iraniano na ONU, Mohammed Khazaei, disse que a aprovação das sanções era a demonstração de “um sistema internacional tendencioso”.
“Revisar nossas memórias amargas do passado e observar de perto como este Conselho ainda age hoje em dia mostra que ainda estamos lidando com um sistema internacional tendencioso e injusto, que é baseado na hegemonia dos mais poderosos”, disse Khazaei.
O embaixador do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ali Asghar Soltanieh, afirmou que apesar das retaliações, o país irá continuar com seu programa de enriquecimento de urânio.
“Não importa quantas resoluções sejam aprovadas, o Irã não irá interromper suas atividades de enriquecimento (de urânio), que estão em completo acordo com seus direitos sob o estatuto da AIEA”, disse o embaixador, em entrevista coletiva.
“Eu lamento que eles (as grandes potências) sejam tão ingênuos, que não saibam lidar com o Irã", afirmou. "Se eles disserem que o Irã deve fazer algo, a resposta será não. Se eles pedirem cooperação, a resposta será: ‘talvez, faremos nosso melhor’. É parte da cultura iraniana”, disse.

Pressão
As sanções buscam pressionar o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio, já que parte da comunidade internacional suspeita que o governo iraniano planeje secretamente desenvolver armas atômicas.
O Irã nega essas alegações e afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos. Apesar das três rodadas anteriores de sanções, o governo iraniano tem até agora se negado a interromper o enriquecimento de urânio.
As novas sanções ampliam medidas já em vigor, ao proibir a venda de várias categorias de armamento pesado ao Irã, incluindo helicópteros de ataque e mísseis.
Também fica estabelecido que todos os países inspecionem em seus portos e aeroportos cargas suspeitas de conter itens proibidos com destino ou origem no Irã.
As sanções incluem ainda 40 empresas e um alto funcionário ligado ao programa nuclear à lista de pessoas e companhias iranianas sujeitas a restrições de viagens e congelamento de ativos.

Diplomacia
Esta foi quarta rodada de sanções contra o Irã e a primeira a receber votos contrários no Conselho de Segurança da ONU.
Brasil e Turquia vinham buscando uma solução diplomática para a questão nuclear iraniana e, no mês passado, firmaram um acordo com Teerã, pelo qual o Irã se comprometia a enviar seu urânio com baixo nível de enriquecimento ao território turco e receber em troca material enriquecido o suficiente para uso civil, mas não militar.
No entanto, apenas um dia após o anúncio do acordo, os Estados Unidos circularam a nova proposta de resolução no Conselho de Segurança, afirmando que o pacto firmado em Teerã não era satisfatório e que o Irã não se comprometia a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.

Lula vê 'equívoco' e 'birra' em sanções contra o Irã

Para Lula, uma oportunidade histórica foi jogada fora.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descreveu com um "equívoco" a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas de aprovar, nesta quarta-feira, uma nova rodada de sanções contra o Irã.
Para o presidente, os países que votaram a favor das novas sanções no Conselho de Segurança o fizeram "por birra".
"Em vez de chamarem o Irã para a mesa, eles resolveram, na minha opinião, apenas por birra, manter a sanção. Acho que foi um equívoco", disse.
"Acho que o Conselho de Segurança jogou fora uma oportunidade histórica de negociar tranquilamente o programa nuclear iraniano", acrescentou Lula durante visita a Natal, Rio Grande do Norte.
O Brasil e a Turquia, que têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto, votaram contra as sanções, que têm por objetivo coibir o programa nuclear iraniano.
O Líbano, também integrante rotativo, se absteve de votar. Os outros 12 membros do Conselho votaram a favor.
Lula disse ainda que conversou pela manhã com premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, e que ambos acertaram votar contra as sanções.
"Espero que o companheiro (Mahmoud) Ahmadinejad continue tranquilo", acrescentou.

'Interesses internos'
Apesar das críticas do governo brasileiro, o presidente americano, Barack Obama, defendeu as sanções como forma de pressionar o Irã a cumprir suas obrigações para com a comunidade internacional.
Além de Lula, o chanceler Celso Amorim também criticou duramente a decisão do Conselho. Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro sugeriu que os países votaram de acordo com interesses internos.
"Os países têm que votar de acordo com suas consciências, não porque conseguiram vantagem de vender mais isso ou mais aquilo", disse Amorim.
O ministro criticou o fato de o Conselho de Segurança ter votado as medidas "praticamente sem ter esperado" a avaliação do Grupo de Viena sobre proposta de acordo com Irã, intermediada por Brasil e Turquia.
"Houve uma negociação entre os membros permanentes em que os interesses específicos desses países foram tomados em conta", disse o ministro.

Obama diz que sanções são ‘mensagem inequívoca’ ao Irã

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a resolução aprovada nesta quarta-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas vai colocar em prática as "mais duras sanções" já impostas ao governo iraniano e envia "uma mensagem inequívoca".
"Hoje o Conselho de Segurança das Nações Unidas votou esmagadoramente a favor de sancionar o Irã por seu contínuo fracasso em cumprir suas obrigações", disse Obama, na Casa Branca, logo após a divulgação do resultado da reunião da ONU.
"Essa resolução irá colocar em prática as mais duras sanções já enfrentadas pelo governo iraniano e envia uma mensagem inequívoca sobre o comprometimento da comunidade internacional em interromper a proliferação de armas nucleares."
A aprovação das sanções, porém, não foi unânime. Brasil e Turquia, que têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto, votaram contra. O Líbano se absteve.

União
Ao comentar o resultado da votação, Obama disse que a resolução teve "forte apoio internacional".
"Ao votar pela resolução nós fomos acompanhados de nações da Ásia, da África, da Europa e da América Latina, incluindo a Rússia e a China", disse o presidente americano.
Essas sanções não fecham a porta para a diplomacia. O Irã continua a ter a oportunidade de seguir por diferentes e melhores caminhos.
Barack Obama
"E essas sanções mostram a visão unificada da comunidade internacional de que uma corrida nuclear no Oriente Médio não é do interesse de ninguém e que as nações devem ser responsabilizadas por desafiar o regime global de não-proliferação", afirmou Obama.
Segundo analistas, o fato de nem todos os países do Conselho de Segurança terem votado a favor das sanções prejudicou a ideia de união que os Estados Unidos desejavam transmitir.
"O fato de o Brasil e a Turquia não apoiarem prejudica o desejo dos Estados Unidos de mostrar que o mundo está unido em torno dessa questão", disse à BBC Brasil o jornalista e pesquisador Douglas Farah, do International Assessment and Strategy Center.

Diplomacia
Ao manifestar seu voto na reunião do Conselho de Segurança, a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que as sanções "vão contra os esforços do Brasil e da Turquia para engajar o Irã em uma solução negociada para o seu programa nuclear".
Entretanto, em seu pronunciamento em Washington, Obama voltou a dizer que as sanções não excluem o caminho da diplomacia.
"Essas sanções não fecham a porta para a diplomacia. O Irã continua a ter a oportunidade de seguir por diferentes e melhores caminhos", disse o presidente.
"Não há nada que eu queira mais do que chegar ao dia em que o governo iraniano cumpra suas obrigações internacionais. Um dia em que essas sanções sejam suspensas, as sanções anteriores sejam suspensas, e o povo iraniano possa finalmente realizar a grandeza da nação iraniana", afirmou.
"Na verdade, essas sanções não são direcionadas ao povo iraniano."
Obama disse ainda que os Estados Unidos vão garantir que as sanções sejam "cumpridas rigorosamente".

Reações
Após a aprovação das sanções, alguns países manifestaram-se a favor da decisão.
A China pediu "que todos os membros da comunidade internacional implementem a resolução em sua totalidade e de boa fé", segundo seu embaixador na ONU, Li Baodong.
Baodong afirmou ainda que as sanções têm como objetivo "trazer o Irã de volta à mesa de negociações".
O Ministério das Relações Exteriores russo emitiu uma nota ressaltando que as medidas "excluem a possibilidade do uso da força". Segundo o comunicado, "nada no texto da resolução daria aval para a adoção de medidas ou ações (...), incluindo o uso de força ou ameaça de seu uso".
A França ressaltou que "a porta do diálogo permanece aberta" e disse esperar "que o Irã finalmente escolha cooperar".
Israel elogiou a resolução do Conselho, mas ressaltou que "está claro que a decisão em si não é o suficiente".

Análise: Novas sanções da ONU não vão deter o Irã

O novo pacote de sanções da ONU contra o Irã dificilmente trará mais resultados que as três primeiras rodadas já impostas. A poucas horas da votação das medidas, nesta quarta-feira, diplomatas ocidentais já diziam que as sanções aprovadas não seriam as últimas.
Ao que tudo indica, muitos outros meses de espera serão necessários para o monitoramento dos próximos passos do Irã, para a elaboração de novos relatórios da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU) e a realização de novas negociações a respeito de outras retaliações.
Nesse cenário, pelo menos por enquanto, diplomatas descartam a possibilidade da realização de um ataque a uma instalação nuclear iraniana. Mas admitem que, em algum momento futuro, a busca de uma solução diplomática pode se tornar irrealista.
Nesse novo estágio, restarão duas opções: aceitar o programa nuclear do Irã, que pode estar a poucos passos da construção de uma bomba atômica, ou recorrer à retaliação militar.
Para descontentamento de Grã-Bretanha, Estados Unidos e França, medidas contra o setor de petróleo e gás iraniano ficaram de fora da última rodada de sanções.
Retaliações assim enfrentaram oposição dos dois outros membros do Conselho de Segurança da ONU, China e Rússia. Ambos os países têm interesse no petróleo e gás iraniano, além de não enxergarem o Irã como uma ameaça estratégica.

Petróleo
Apesar de rico em reservas de petróleo, o Irã não têm condições de refinar seus derivados em quantidade suficiente para uso próprio. Por isso, as sanções que mais atingiriam o país – até agora evitadas – visariam tanto o fim das vendas de derivados de petróleo ao país como a proibição de investimentos internacionais na indústria de óleo e gás iraniana.
Por conta disso, agora se espera que o Congresso americano aprove legislação banindo do território americano companhias com investimentos significativos em petróleo e gás no Irã.
O governo britânico também deve pressionar a União Europeia a aprovar medidas que restrinjam investimentos no setor energético do Irã.

Fracasso
O Irã rejeitou as demandas do Conselho de Segurança da ONU com base na alegação de que elas são ilegais. O país continua insistindo que se limita a enriquecer urânio sem finalidade militar.
As sanções falharam até agora por dois motivos. O primeiro deles é que interesses vitais do país não foram atingidos. As novas resoluções têm como objetivo apenas reforçar as tentativas anteriores de impedir o Irã de adquirir tecnologia para a criação de uma bomba nuclear ou para a construção de mísseis balísticos.
As retaliações se limitam a banir o suprimento de armamentos ao país, a apertar restrições a negócios com bancos e alguns indivíduos iranianos, como integrantes da Guarda Revolucionária, e a permitir a inspeção de navios ou aviões suspeitos.
A segunda razão para o fracasso das sanções é o fato de que o governo do país está disposto a absorver o impacto limitado das retaliações em nome de uma causa maior: a continuidade de seu programa nuclear.

Entenda as novas sanções impostas pela ONU ao Irã

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã devido a seu programa nuclear.

As medidas buscam pressionar o país persa a interromper seu processo de enriquecimento de urânio e comprovar a natureza pacífica de seu programa nuclear.

O Irã insiste que o programa não tem objetivos militares, mas parte da comunidade internacional suspeita que Teerã na verdade esteja buscando desenvolver armas atômicas.

A BBC preparou uma série de perguntas e respostas que ajudam a explicar a questão do programa nuclear iraniano. Para lê-las, acesse: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100608_iran_sanctions_mv.shtml

ONU aprova sanções contra Irã com oposição de Brasil e Turquia

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou nesta quarta-feira uma quarta rodada de sanções contra o Irã para pressionar o país a interromper seu programa nuclear.
O Brasil e a Turquia, que têm vagas rotativas no Conselho de Segurança, sem direito a veto, votaram contra as sanções. O Líbano, também integrante rotativo, se absteve de votar. Os outros 12 membros do Conselho votaram a favor.
A votação, em Nova York, foi atrasada em mais de uma hora por causa da ausência dos embaixadores do Brasil e da Turquia.
Quando a reunião finalmente começou, a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, foi a primeira a falar e anunciou o voto contra ao dizer que o Brasil “não vê as sanções como um instrumento eficaz nesse caso”.
A embaixadora brasileira disse que as sanções “provavelmente levarão ao sofrimento do povo iraniano” e que experiências passadas, “notavelmente o caso do Iraque”, mostram que sanções, ameaças e isolamento podem ter consequências trágicas.

Acordo
Viotti voltou a defender o acordo firmado no mês passado pelo Brasil e pela Turquia com governo iraniano, pelo qual o Irã se comprometia a enviar seu urânio com baixo nível de enriquecimento ao território turco e receber em troca material enriquecido o suficiente para uso civil, mas não militar.
"O Brasil vai votar contra a resolução. Ao fazer isso, estamos honrando os propósitos que nos inspiraram nos esforços que resultaram na declaração de Teerã em 17 de maio", disse.
“A adoção de sanções, nessa conjuntura, vai contra os esforços do Brasil e da Turquia para engajar o Irã em uma solução negociada para o seu programa nuclear”, afirmou Viotti.
O acordo firmado com o Irã tinha como base uma proposta apresentada anteriormente pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) mas rejeitada na ocasião pelo governo iraniano.
No entanto, apenas um dia após o anúncio do acordo, os Estados Unidos circularam a nova proposta de resolução no Conselho de Segurança, afirmando que o pacto firmado em Teerã não era satisfatório e que o Irã não se comprometia a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.
A representante brasileira criticou a votação das sanções antes de “sentar e conversar sobre a implementação da declaração de Teerã”.
“O Brasil lamenta profundamente que a Declaração Conjunta não tenha recebido o reconhecimento político que merece nem o tempo necessário para dar resultados”, afirmou.

Estados Unidos
Em sua intervenção, após a votação, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, referiu-se ao acordo firmado pelo Brasil e pela Turquia.
“A Turquia e o Brasil trabalharam muito para obter avanços”, afirmou. “Os esforços refletem as boas intenções de seus líderes em abordar as necessidades humanitárias do povo iraniano e ao mesmo tempo construir maior confiança internacional sobre a natureza do programa nuclear do Irã.”
Rice afirmou, porém, que o acordo não responde questões e preocupações "fundamentais" sobre o programa nuclear iraniano e que Irã teve diversas oportunidades de comprovar que seu programa de enriquecimento de urânio tem fins pacíficos, mas não o fez.
Os Estados Unidos e seus aliados temem que o Irã esteja planejando secretamente desenvolver armas nucleares. Teerã nega essas alegações e diz que seu programa nuclear tem fins civis.
Rice disse que o objetivo dos Estados Unidos com as sanções é persuadir o Irã a interromper seu programa nuclear e a negociar de maneira construtiva com a comunidade internacional.
Os Estados Unidos afirmam que mantêm dois caminhos em relação ao programa nuclear do Irã, de pressão (com as sanções), mas também de disposição para o diálogo.
No entanto, em seu pronunciamento, a representante do Brasil disse que a decisão de impor novas sanções era uma demonstração de que apenas um desses caminhos está aberto.
“Ao adotar as sanções, este Conselho está na realidade optando por um dos dois caminhos que deveriam correr em paralelo – na nossa opinião, o caminho errado”, disse Viotti.

Sanções
A votação da nova resolução ocorreu depois de cinco meses de discussões entre os membros do Conselho de Segurança e sob forte resistência do Brasil, que tem uma vaga rotativa no órgão.
Os Estados Unidos queriam sanções mais duras, mas a resolução final foi um pouco suavizada por pressão da Rússia e da China, dois dos membros permanentes do Conselho, com direito a veto.
Mesmo assim, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, referiu-se às sanções como as “mais significativas” já impostas ao Irã.
As novas sanções ampliam medidas já em vigor, ao proibir a venda de várias categorias de armamento pesado ao Irã, incluindo helicópteros de ataque e mísseis.
Também fica estabelecido que todos os países inspecionem em seus portos e aeroportos cargas suspeitas de conter itens proibidos com destino ou origem no Irã.
As sanções incluem ainda 40 empresas e um alto funcionário ligado ao programa nuclear à lista de pessoas e companhias iranianas sujeitas a restrições de viagens e congelamento de ativos.
Segundo analistas, o fato de Brasil e Turquia terem votado contra as sanções prejudica a imagem de união em torno do tema que os Estados Unidos gostariam de transmitir.
As três rodadas anteriores de sanções não foram suficientes para convencer o Irã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.

Justiça iraniana é instrumento de repressão, diz Anistia

A organização de defesa dos Direitos Humanos Anistia Internacional acusou o Irã de continuar a usar seu sistema de Justiça como um instrumento letal de repressão.
Em um relatório publicado para marcar o primeiro aniversário das eleições presidenciais, cujo resultado foi questionado e resultou em uma série de protestos e prisões no país, a organização afirma que as autoridades continuam a deter e executar prisioneiros em uma tentativa de evitar novos protestos.
Segundo a AI, há documentação provando que centenas de pessoas continuam presas por sua participação nos protestos de junho de 2009, ou por ter expressado visões dissidentes.
A prisão arbitrária de cidadãos ordinários se tornou um fenômeno diário, afirma a Anistia em seu relatório Do Protesto à Prisão: Irã Um Ano Após a Eleição.
O pleito, no qual foi reeleito o presidente Mahmoud Ahmadinejad, levou aos piores confrontos internos no Irã desde a revolução Islâmica, em 1979.
"Calar a voz"
“O governo iraniano está determinado a calar a voz de todos os dissidentes enquanto, ao mesmo tempo, tenta evitar o escrutínio da comunidade internacional sobre as violações relacionadas aos protestos após as eleições”, afirma o secretário-geral interino da AI, Cláudio Cordone.
Segundo o documento, “advogados, acadêmicos, ex-prisioneiros políticos e integrantes das minorias étnicas e religiosas do Irã também foram pegos na crescente onda de repressão que levou a episódios de tortura e a execução de prisioneiros por motivos políticos”.
A organização afirma ainda que várias pessoas foram presas apenas por ter alguma relação com manifestantes ou grupos envolvidos nos protestos.
Entre elas estaria o estudante Sayed Ziaoddin Nabavi, integrante do Conselho para a Defesa do Direito à Educação, que cumpre pena de dez anos na prisão de Evin.
Segundo a AI, sua prisão parece estar ligada ao fato de que ele tem parentes que fazem parte da Organização Mujahedin do Povo no Irã, um grupo proibido pelo governo que as autoridades responsabilizam por organizar os protestos.
De acordo com a Anistia, cerca de 50 integrantes da religião Baha’i foram presos no Irã desde as eleições e quatro curdos estavam entre cinco prisioneiros políticos executados em maio passado sem a notificação exigida pela lei.
Para a organização, esta foi uma clara advertência a qualquer um que esteja pensando em marcar o primeiro aniversário das eleições com novos protestos.
“O que pedimos é muito simples: queremos a libertação imediata e incondicional de todos os prisioneiros de consciência, e que os outros sejam julgados imediatamente por crimes reconhecidos, sem recurso para a pena de morte, em procedimentos que cumpram os padrões internacionais de um julgamento justo”, afirmou Cordone.
Os presos permanecem dias, semanas e até meses incomunicáveis, afirma a AI, sem que seus parentes consigam localizá-los, ou saber quais são as acusações contra eles.
“O segredo em volta dessas prisões torna mais fácil para os interrogadores recorrer à tortura e outras táticas, que incluem estupro e falsas execuções, para extrair ‘confissões’ forçadas que, mais tarde, são usadas como prova em seus julgamentos”, afirma a Anistia.
O Irã tem uma das maiores taxas de execução do mundo. Até agora, a Anistia já registrou mais de 115 execuções apenas em 2010.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Em cúpula turca, Irã alerta Rússia contra sanções

O Irã alertou na terça-feira a Rússia a não apoiar novas sanções da ONU contra o seu programa nuclear, que devem ser votadas na quarta-feira.
"Não há um grande problema, mas eles devem ser cuidadosos de não ficarem do lado dos inimigos do povo iraniano", disse o presidente Mahmoud Ahmadinejad em entrevista coletiva em Istambul, onde participa de uma cúpula junto com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.
A Rússia costumava ser uma importante aliada do Irã, mas os dois países vêm tendo atritos por causa da decisão do Kremlin de apoiar as potências ocidentais na adoção de uma quarta rodada de sanções da ONU.
Putin, que irá se reunir com Ahmadinejad na terça-feira, disse que a resolução do Conselho de Segurança já está "praticamente acertada", e que as sanções não devem ser "excessivas".
"O presidente do Irã está aqui e acho que ... teremos uma oportunidade de discutir esses problemas, se o meu colega iraniano tiver tal necessidade", disse Putin numa entrevista coletiva ao lado do premiê turco, Tayyip Erdogan, anfitrião do fórum chamado Medidas de Interação e Construção da Confiança na Ásia.
"Sou da opinião", prosseguiu Putin, "de que esta resolução não deve ser excessiva, não deve colocar a liderança do Irã e o povo iraniano numa situação complicada, que crie barreiras para o desenvolvimento da energia nuclear pacífica do Irã."
Ahmadinejad disse que o acordo nuclear que ele fechou em maio com os governos da Turquia e Brasil foi uma oportunidade que não irá se repetir. O acordo, que se destinava a permitir novas negociações, foi rejeitado pelo Ocidente, que continua desconfiando de que o Irã pretende desenvolver armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
Pelo acordo que Brasil e Turquia mediaram, o Irã entregaria ao exterior 1.200 quilos de urânio baixamente enriquecido, para em troca receber, no prazo de um ano, 120 quilos de material nuclear enriquecido a 20 por cento para uso em um reator de pesquisas médicas.
O Irã diz, no entanto, que isso não lhe impediria de continuar enriquecendo urânio, o que o Ocidente não quer.
"Esperamos que eles possam usar essa oportunidade, mas dizemos que esta oportunidade não vai se repetir", alertou Ahmadinejad.
Turquia e Brasil, membros temporários do Conselho de Segurança, dizem que o acordo eliminaria a necessidade de sanções, já que criaria uma abertura diplomática para tratar de temas mais amplos relativos ao programa nuclear iraniano.
O presidente turco, Abdullah Gul, pediu na segunda-feira a Ahmadinejad que diga à comunidade internacional que o seu governo está preparado para cooperar e resolver a disputa a respeito do seu programa nuclear.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

BP diz que funil já recolhe mais da metade do petróleo que vaza

O vazamento é considerado o pior desastre ambiental da história americana

A petroleira British Petroleum (BP) disse neste domingo que o funil especial colocado sobre o vazamento de petróleo no Golfo do México já recolhe mais da metade do fluxo de óleo para navios na superfície.
“Neste momento, o funil de contenção desvia cerca de 10 mil barris de petróleo diariamente para superfície”, disse o presidente da BP, Tony Haywards.
Calcula-se que o poço danificado, localizado cerca de 1,5 mil metros abaixo da superfície libere entre 12 mil e 19 mil barris diários de petróleo no Golfo do México, no que está sendo considerado o maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Hayward disse que a empresa pretende implementar esta semana outra tática para conter o vazamento que, junto com o funil, deve ser capaz de conter “ a grande maioria” do petróleo que polui a região.
Em agosto a empresa espera conseguir uma solução definitiva para o problema quando estiverem prontos outros dois poços que devem desviar o petróleo do poço danificado.

Recuperação
O executivo disse que a empresa está comprometida com a recuperação total da região.
“Limparemos o petróleo, solucionaremos qualquer dano ambiental e deixaremos a costa do Golfo do México nas mesmas condições que estavam antes do evento. Este é um compromisso inquestionável, permaneceremos por lá muito tempo após o assunto ter deixado de ocupar a atenção da imprensa, honrando nossas promessas”, disse ele.
A empresa chegou a perder um terço de seu valor no mercado de ações desde o início da crise e vem sendo criticada por gastar alegadamente US$ 50 milhões em comerciais de TV para tentar recuperar sua imagem.
A empresa diz ter gasto mais de US$ 1 bilhão em operações de limpeza desde o início do vazamento no dia 20 de abril, depois que uma explosão destruiu a plataforma Deepwater Horizon, causando a morte de 11 trabalhadores.
Em seu pronunciamento semanal neste sábado, o presidente Barack Obama disse que vai garantir que a BP seja responsabilizada financeiramente pelo vazamento e pague “cada centavo” do que deve.
As estimativas são de que a quantidade de petróleo vazado no mar desde abril varie entre 80 milhões e 180 milhões de litros.

Israel, um país sozinho

A situação em que vivem os palestinos é insustentável. O mundo todo, inclusive os Estados Unidos, sabe disso há muito tempo. Há pouco a acrescentar sobre sua penosa rotina, de falta de água, falta de comida, destruição de casas ou bombas sobre suas cabeças. Até mesmo Israel está ciente, melhor do que ninguém, das consequências danosas da sua ocupação das terras palestinas, que já dura 43 anos. Portanto não é o estado atual dos palestinos que pode definir o futuro do Oriente Médio. A chave de um futuro de paz para a região é o estado em que se encontra Israel. O que pode colocar um fim nesse conflito é Israel se convencer que sua situação atual é, assim como a dos palestinos, insustentável.
A desastrosa operação contra a frota de embarcações carregando ativistas em direção a Gaza, em que as forças de Israel mataram nove dos passageiros, isolou ainda mais o Estado judeu. Israel praticamente acabou com a amizade de décadas que desfrutava com a Turquia, uma democracia muçulmana integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Os efeitos do abalo dessa relação, que já vinha se deteriorando, ficaram claros um dia após o ataque à frota. Israel mantinha as centenas de ativistas detidos, ameaçando inclusive indiciar boa parte deles criminalmente, quando o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, exigiu a libertação de todos. Dentro da aliança militar ocidental, um ataque a um de seus membros é visto como um ataque a todo o bloco. A Turquia, de onde vieram todos os nove mortos, declarou a ação israelense como criminosa e pediu uma atitude da Otan. Israel não teve escolha: em poucas horas, acatou o pedido de Rasmussen e libertou os detidos.
Os danos à imagem de Israel não pararam por aí. A União Europeia condenou o ataque, e a Grã-Bretanha, que nos tempos de Tony Blair portava-se quase como um aliado incondicional de Israel, não mediu suas palavras. O ministro do Exterior, o conservador William Hague, exigiu uma investigação sobre o incidente e disse que o episódio mostrava que o bloqueio da Faixa de Gaza deveria acabar. Segundo Hague, a medida, imposta em 2007, depois que o grupo Hamas tomou o controle do território, tem efeito "sobre uma geração de jovens palestinos". Em outras palavras, Israel pode estar gerando novos militantes prontos para atacar o Estado judeu no futuro. Além de injusto com a população civil, o bloqueio estaria sendo, na visão britânica, prejudicial à própria segurança de Israel. O país parece também ter perdido parte de sua amizade com o Egito. O vizinho, primeiro país árabe com quem Israel assinou um acordo de paz, decidiu abrir indefinidamente o posto de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, como protesto contra o ataque em águas internacionais do Mediterrâneo. Com a medida, o bloqueio a Gaza passa a ser apenas israelense, e não uma ação conjunta com o governo egípcio. Para completar, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, também exigiu a suspensão do bloqueio a Gaza, alertando que o sofrimento dos seus 1,5 milhão de habitantes não pode continuar.
Mas Israel sempre pareceu ignorar a falta de aliados, desde que os Estados Unidos continuem do seu lado. Tal relação, entretanto, vem sendo abalada há meses, primeiro pela recusa israelense em atender o pedido do presidente Barack Obama para que interrompesse a construção de casas em territórios palestinos (Jerusalém Oriental inclusive). Washington estendeu a mão a Israel após o ataque no Mediterrâneo, garantindo que o pronunciamento do Conselho de Segurança da ONU fosse mais brando do que queriam outros membros. Mas a secretária de Estado Hillary Clinton foi clara ao falar da Faixa de Gaza: "A situação em Gaza é insustentável e inaceitável", disse Clinton, que nos últimos meses já vinha pressionando Israel a voltar à mesa de negociações com a Autoridade Palestina. Os Estados Unidos continarão sendo o melhor amigo de Israel no mundo, mas tal amizade não é mais incondicional, como nos tempos de George W. Bush. Além disso, o poder da maior potência do planeta é hoje relativamente menor, portanto Washington sabe que não pode manter o status quo no Oriente Médio por muito mais tempo.
Após transformar a aliada Turquia em um quase inimigo, perder a parceria do Egito no bloqueio a Gaza, provocar uma resposta indignada da Grã-Bretanha, testar a paciência dos Estados Unidos e causar um estado geral de ira no mundo, será que Israel ainda acredita ser possível viver sozinho, sem amigos? É verdade que, como bem lembrou a revista The Economist, o premiê conservador Stephen Harper fez do Canadá o mais novo e entusiasmado amigo de Israel. Mas o Canadá não tem influência nem relevância suficientes para melhorar a difícil situação do Estado judeu. Alguns países no mundo optaram pelo isolamento político e econômico, como Coréia do Norte e Eritreia. Israel sempre se orgulhou de ser uma democracia moderna, com fronteiras e economia abertas para o mundo, mas parece não ter percebido que sua situação atual é cada vez mais insustentável. Sem fronteiras oficialmente definidas, com um provável arsenal nuclear escondido da comunidade internacional, sem aliados entre seus vizinhos, cada vez mais distante de seus antigos amigos e com uma imagem negativa ao redor do mundo, Israel segue o caminho do isolamento. A paz, como todos sabem, fica na direção oposta.

Índia condena oito por vazamento de gás que matou milhares há 25 anos

Vazamento começou nas primeiras horas de 3 de dezembro de 1984

A Justiça indiana condenou a dois anos de prisão oito pessoas por um vazamento de gás tóxico que matou milhares de pessoas na cidade de Bhopal, há mais de 25 anos.
O desastre, que, segundo a Justiça, teria sido causado por negligência, é considerado o acidente industrial mais grave da história. Exatamente por isso, grupos de direitos humanos consideraram a sentença como branda.
A tragédia teve início nas primeiras horas do dia 3 de dezembro de 1984, quando 40 toneladas do veneno isocianato de metila em estado gasoso começaram a vazar da fábrica de pesticidas da americana Union Carbide, localizada a menos de 5 quilômetros de Bhopal.
A substância, altamente tóxica, causa cegueira e leva ao bloqueio dos alvéolos pulmonares. Em pouco tempo, uma nuvem de gás letal atingiu Bhopal, onde viviam mais de 900 mil pessoas, a maioria em favelas.
Em apenas três dias, 3,5 mil pessoas morreram, segundo as estimativas oficiais, embora os números não oficiais se aproximem de 8 mil. Testemunhas da época contaram que a direção do vento é que definia, aleatoriamente, quem morria ao entrar em contato com a nuvem letal.
Caos e pânico tomaram a cidade à medida que dezenas de milhares de pessoas tentavam escapar do gás. Corpos de cães, gatos e pássaros se acumulavam nas ruas na mesma proporção em que as vítimas humanas enchiam os necrotérios.
Logo de início, mais de 20 mil pessoas requereram tratamento hospitalar por sintomas que incluíam inflamações nos olhos e dificuldades de respirar. Até hoje, Bhopal tem uma taxa atípica de enfermidades e de crianças portadoras de deformidades de nascença e deficiências de crescimento.
Segundo organizações de direitos humanos, o vazamento foi responsável por 20 mil mortes até hoje, afetando outras 600 mil.

Processo
Desde 1987, o processo criminal passou por uma dezena de juízes na Índia. Inicialmente, 12 pessoas foram indiciadas por homicídio culposo, com possibilidade de serem sentenciadas a até dez anos de prisão.
Entretanto, em 1996, a Suprema Corte indiana abrandou as acusações, passando a tratar o caso como morte por negligência, com a possibilidade de até dois anos de prisão.
Entre os condenados nesta segunda-feira, que devem apelar da decisão, estão executivos da Union Carbide, incluindo o presidente do braço indiano da companhia à época, Keshub Mahindra.
Entretanto, o então presidente da multinacional Union Carbide, Warren Anderson – uma espécie de inimigo número um das organizações de vítimas e que chegou a ser considerado um fugitivo da Justiça indiana –, não foi mencionado no veredicto.
Para o ativista Satinath Sarangi, que trabalha com vítimas afetadas pelo gás letal, a decisão da Justiça indiana veio "tarde demais".
"É um precedente sério", disse o ativista. "Esse desastre tem sido tratado como um acidente de trânsito. É um desastre judicial e uma traição do povo indiano pelo governo."
A presidente de um grupo de trabalhadoras afetadas pelo vazamento, Rashida Bee, disse à agência de notícias AFP que "a Justiça só será feita em Bhopal quando indivíduos e corporações responsáveis forem punidas de maneira exemplar".
Em 1989 a Union Carbide pagou ao Estado indiano uma compensação de US$ 470 milhões, um acerto que a hoje controladora da empresa, Dow Chemicals, diz englobar todas as demandas existentes e futuras contra a companhia.
O complexo industrial foi apropriado pelo Estado de Madhya Pradesh em 1998, mas ambientalistas dizem que ainda há veneno nas instalações.
Mais de 600 mil pessoas foram afetadas por gás venenoso, dizem ONGs

Dez soldados da Otan são mortos em ataques no Afeganistão

Dez soldados da Otan foram mortos em ataques no Afeganistão nesta segunda-feira, em um dos piores dias de baixas para as forças internacionais no país centro-asiático neste ano.
No pior de vários ataques, cinco soldados americanos morreram na explosão de uma bomba colocada na beira de uma estrada no leste do país, de acordo com informações dos Estados Unidos.
Outros cinco soldados da Otan foram mortos em uma série de ataques nas regiões sul e leste do Afeganistão, onde as forças da Otan estão enfrentando o Talebã.
As mortes ocorrem no momento em que os últimos soldados do reforço de 35 mil militares, determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estão chegando ao país.

Candahar
De acordo com o correspondente da BBC em Cabul Martin Patience, os soldados da Otan estão se preparando para uma grande operação na província de Candahar, no sul afegão – o centro da insurgência do Talebã.
Segundo o correspondente, os Estados Unidos acreditam que precisam assumir a dianteira na operação para derrotar os insurgentes do país, aumentando a pressão para que o Talebã aceite negociar.
Na semana passada, o plano do presidente afegão, Hamid Karzai, para iniciar negociações de paz com o Talebã, recebeu apoio de líderes tribais depois de uma reunião de três dias na capital, Cabul.
Mas o grupo de líderes já afirmou no passado que só negociaria com o governo depois que os soldados estrangeiros deixassem o Afeganistão.

EUA buscam ‘novas formas’ de ajudar a Faixa de Gaza

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta segunda-feira que o país está procurando "novas formas" de ajudar a Faixa de Gaza, que enfrenta um bloqueio imposto por Israel.
Biden fez a declaração depois de uma reunião de 90 minutos com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, no resort egípcio de Sharm El-Sheikh.
Biden afirmou que os Estados Unidos estão trabalhando com o Egito e outros parceiros em novas formas para "tratar dos aspectos humanitários, econômicos, de segurança e política da situação".
De acordo com a correspondente da BBC no Cairo Yolande Knell, a reunião ocorreu em meio a um clima de crescente tensão regional, depois dos ataques de Israel contra uma frota de barcos que levava centenas de ativistas pró-Palestina, que deixou nove ativistas mortos na semana passada.
Na madrugada desta segunda-feira, a Marinha israelense voltou a atacar. Desta vez, abriu fogo contra um barco palestino na costa de Gaza, matando cinco pessoas, de acordo com a rádio do Exército de Israel.
Leia mais em:

http://rocaminionu.blogspot.com/2010/06/israel-mata-cinco-em-ataque-barco.html

Abertura
A visita de Biden ao Egito é parte de uma viagem à África que também passará pelo Quênia e pela África do Sul, onde o vice-presidente deve representar o país na abertura da Copa do Mundo.
Biden diz que discutiu com Mubarak os esforços de paz entre Israel e palestinos, os conflitos no Afeganistão e Iraque, a situação política no Sudão e o polêmico programa nuclear no Irã.
Depois do ataque israelense, o presidente egípcio ordenou que a passagem de Rafah, o único posto de fronteira de Gaza que não leva ao território israelense, permaneça aberta por tempo indeterminado para receber ajuda humanitária.
O embaixador americano em Israel, Michael Oren, afirmou que as mortes de ativistas no ataque devem ser investigadas com um inquérito conduzido por Israel.
Os Estados Unidos já afirmaram que a política israelense de bloqueio à Faixa de Gaza é insustentável e precisava ser mudada.
Por outro lado, o próprio Biden anteriormente já defendeu o que definiu como o direito absoluto de Israel de lidar com seus interesses no setor de segurança.

Israel mata cinco em ataque a barco palestino

A Marinha israelense abriu fogo na madrugada desta segunda-feira contra um barco palestino na costa de Gaza, matando cinco pessoas, informou a rádio do Exército de Israel. As Forças Armadas do país disseram que o barco levava militantes armados, em roupas de mergulho, preparando-se para atacar Israel.
O Fatah, partido palestino que controla a Cisjordânia, disse que os corpos seriam de integrantes de seu braço militar e que um quinto integrante ainda está desaparecido.
O Hamas, movimento islâmico palestino que controla a Faixa de Gaza, confirmou o incidente, acrescentando que retirou quatro corpos do mar.
Segundo o jornal israelense Haaretz, o incidente seria o último de uma série de ataques recentes de grupos armados palestinos contra Israel. O país estabeleceu um bloqueio ao território palestino em junho de 2007, após o Hamas ter assumido o controle sobre a Faixa de Gaza.
Na semana passada, as Forças Armadas do país atacaram uma frota de barcos que carregava centenas de ativistas pró-Palestina, e tinha como missão levar ajuda humanitária para Gaza.
Israel disse que os barcos tinham finalidades terroristas. Nove pessoas morreram na operação.

Novas fotos
No domingo, uma organização não-governamental turca, IHH, divulgou fotos do ataque ao barco em que ocorreu a ação que levou à morte dos nove ativistas, o Mavi Marmara, de bandeira turca.
A ONG diz que as imagens mostram os ativistas sendo condescendentes e prestando primeiros socorros aos soldados israelenses feridos durante a operação.
Israel alega que as imagens apenas comprovam a versão israelense de que seus soldados agiram em legítima defesa ao serem atacados pelos ativistas.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, deve prestar uma homenagem aos mortos – oito turcos e um portador do passaporte americano criado na Turquia – em uma visita a Istambul, onde participa nesta segunda-feira de um encontro sobre segurança regional.
No domingo, o embaixador israelense nos Estados Unidos, Michael Oren, disse que seu país não pedirá desculpas à Turquia pela morte dos nove ativistas.
"Israel não pedirá perdão por ter tomado as medidas necessárias para defender seus cidadãos e não se desculpará por ter feito o que foi preciso para defender as vidas de nossos soldados", afirmou Oren à rede de TV americana Fox News.

Ambos os lados dizem que fotos comprovam sua versão
Inquérito internacional
Oren disse ainda que Israel rejeita a proposta de um inquérito internacional sobre a operação.
"Rejeitamos uma comissão internacional", disse ele à Fox. "Israel tem a capacidade e o direito de se auto-investigar e não de ser investigado por qualquer comissão internacional."
A proposta de uma investigação envolvendo outros países foi discutida em um telefonema na manhã deste domingo entre o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o premiê de Israel, Binyamyn Netanyahu. Pelo plano, a comissão incluiria representantes dos EUA, Turquia e Israel, que reportariam suas conclusões ao primeiro-ministro da Nova Zelândia.
No domingo, os ministros do Exterior de França e Grã-Bretanha pediram a Israel que aceite no mínimo uma "presença internacional" na investigação do incidente.
"Acreditamos que deve haver no mínimo uma presença internacional na investigação", disse o ministro britânico, William Hague.
Já o ministro francês, Bernard Kouchner, sugeriu que a União Europeia adote um papel mais importante na provisão de ajuda humanitária para Gaza e na restrição à entrada de armas no território.
"A União Europeia deve participar mais, politicamente e concretamente, do que já faz - e já o faz bastante", disse Kouchner.

Pacote alemão prevê corte de 80 bilhões de euros no orçamento

O governo da Alemanha anunciou nesta segunda-feira o maior pacote de austeridade do país desde a Segunda Guerra Mundial, contendo a promessa de um corte de 80 bilhões de euros (cerca de R$ 171 bilhões) no orçamento nos próximos quatro anos.
O objetivo do governo alemão com o pacote é reduzir o déficit orçamentário no país para cerca de 3% do PIB. O déficit total em 2009 foi de 3,1%, mas a projeção é de crescimento para até 5% em 2010.
Ao anunciar o pacote, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que é importante que o país dê um "bom exemplo" para outros países europeus.
"Os últimos meses mostraram a importância primordial de finanças sólidas - a melhor forma de evitar uma crise", afirmou a chanceler.

Cortes e impostos
Para conseguir economizar os 80 bilhões de euros, o governo da Alemanha prevê uma série de cortes, incluindo um de 30 bilhões de euros no orçamento destinado a programas sociais.
Até 15 mil empregos públicos devem ser eliminados nos próximos quatro anos.
As Forças Armadas do país também vão passar por uma reorganização para economizar dinheiro, com planos para cortar até 40 mil cargos.
Também está prevista a criação de novos impostos. O governo quer, por exemplo, criar uma taxa ambiental a ser cobrada dos passageiros que embarcam em alguns aeroportos do país.
Foi anunciada, ainda, a suspensão dos planos para reconstruiu um palácio no centro de Berlim.

FMI
Também nesta segunda-feira, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou um relatório em que diz que os países da zona do euro precisam aceleram os seus cortes orçamentários para aumentar a confiança dos investidores.
Segundo a organização, a instabilidade financeira no bloco se deve à adoção de “políticas insustentáveis” e que o atual “gerenciamento de crise” não substitui a adoção de medidas de reestruturação econômica.
Ministros das finanças da Europa aprovaram a criação de um fundo de emergência de 440 bilhões de euros com o objetivo de ajudar países que passem por dificuldades.
As autoridades esperam que o fundo possa ajudar a acalmar os investidores que temem que alguns países da região não consigam honrar seus compromissos com credores.

Para ler o texto na íntegra, com críticas e mais links sobre o assunto, acesse:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100607_alemanhaausteridadefn.shtml

Israel anuncia investigação própria sobre ataque a flotilha

Israel informou nesta segunda-feira que investigará por conta própria a operação executada numa flotilha de ajuda humanitária para Gaza que terminou com mortes na semana passada, após rejeitar a proposta da Organização das Nações Unidas (ONU) para uma investigação internacional.
Falando ao Parlamento em resposta a um voto de desconfiança apresentado pelos partidos de oposição por causa da operação de 31 de maio, o ministro da Defesa Ehud Barak disse que Israel examinaria formas de minimizar o atrito ao impor o bloqueio a Gaza, região atualmente sob o governo do Hamas.
As tropas israelenses mataram a tiros nove turcos durante a operação na flotilha que seguia para Gaza. Eles afirmaram que estavam respondendo à agressão de manifestantes que portavam facas e porretes.
No domingo, Israel negou a proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para uma investigação internacional conduzida pelo ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia Geoffrey Palmer, com representantes turcos, israelenses e norte-americanos.
"Nós temos a intenção de fazer uma investigação sobre os acontecimentos", disse Barak, sem fornecer detalhes sobre o formato da investigação.
Barak afirmou que a investigação somar-se-ia a um inquérito militar, e buscaria estabelecer se o bloqueio de quatro anos imposto contra Gaza e sua operação "cumpriram com os padrões da lei internacional."
"Tiraremos lições no nível político, (e) no establishment da segurança," disse Barak.
"Desde o ocorrido temos ouvido e lido muito falatório e questões e sem dúvida nos próximos meses deveremos discutir as lições...talvez formas adicionais de atingir os mesmos objetivos do bloqueio, reduzindo o máximo possível o potencial de atrito", acrescentou ele.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Israel sugere inquérito com observadores estrangeiros sobre Gaza

Israel propôs nesta quinta-feira, diante da pressão da ONU por uma investigação internacional sobre o incidente desta semana na costa de Gaza, a realização de um inquérito comandado pelo próprio Estado judeu, mas com a participação de observadores internacionais.
O chanceler Avigdor Lieberman acatou a sugestão dos Estados Unidos, em uma tentativa de aplacar a indignação internacional com a abordagem militar a uma frota naval que tentava furar o bloqueio israelense à Faixa de Gaza e levar mantimentos à população palestina desse enclave, governado pelo grupo islâmico Hamas. Nove ativistas morreram na operação, na madrugada de segunda-feira.
Centenas de ativistas presos no incidente foram libertados por Israel e chegaram a Istambul, onde foram recebidos como heróis. Eles acusaram os fuzileiros navais israelenses de cometerem "crimes de guerra" e homicídios injustificados a bordo da balsa turca Mavi Marmara.
Na Cisjordânia ocupada, o representante especial dos EUA para a região, George Mitchell, disse que "a tragédia" não deve abalar as negociações mediadas por ele entre Israel e a Autoridade Palestina, as quais o diplomata disse estarem progredindo.
O presidente da Fundação para Liberdades e Direitos Humanos e Auxílio Humanitário, que organizou a missão humanitária para Gaza, disse que os ativistas a bordo do Mavi Marmara tomaram as armas de dez soldados que abordavam o navio e as jogaram pela amurada, sem dispará-las.
Israel alega que seus soldados mataram os ativistas porque estavam sendo agredidos ao descerem de helicóptero no convés, inclusive sendo alvejados com pistolas tomadas dos militares pelos ativistas.
"Dissemos aos nossos amigos a bordo: 'Vamos morrer, virar mártires, mas jamais sejamos mostrados (...) como os que usaram armas," declarou Bulent Yildirim. "Com esta decisão, nossos amigos aceitaram a morte, e jogamos no mar todas as armas que pegamos deles."
A União Européia, a Turquia e a ONU defenderam a realização de uma investigação internacional, enquanto os EUA, principais aliados de Israel no mundo, sugeriram um inquérito israelense com envolvimento internacional.
Israel diz que havia "terroristas" a bordo das embarcações, e que o fim do bloqueio à Faixa de Gaza permitiria que o Hamas obtivesse mísseis iranianos de longo alcance, e que isso seria uma ameaça não só para Israel, mas também para a Europa.